(Folha do sábado)
E-mails enviados por uma ex-gerente da Petrobras e revelados pelo jornal “Valor Econômico” indicam que a atual diretoria da estatal foi alertada sobre irregularidades em contratos da empresa muito antes do início da Operação Lava Jato, que revelou esquema de fraudes na companhia.
A revelação reforçou o coro de auxiliares presidenciais que já há algumas semanas defendem uma renúncia coletiva na estatal. Para estes, a saída da presidente Graça Foster é uma questão de tempo. Mas a presidente Dilma Rousseff ainda resistia à ideia nesta sexta-feira (12).
Para Dilma, explicam auxiliares, a queda de Graça reforçaria uma ideia errada de que a chefe da estatal está implicada no escândalo, além de deixar a própria presidente vulnerável. Graça e Dilma são muito amigas.
A presidente e os demais integrantes da atual diretoria da Petrobras vinham sendo blindados pelo Planalto sob o argumento de que não tiveram participação nos desvios de recursos e que desconheciam a ação do grupo do qual fazia parte Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento e principal delator do esquema de fraudes na estatal.
Mas segundo o “Valor”, foram enviadas para Graça mensagens eletrônicas e documentos comunicando irregularidades ocorridas tanto antes de ela assumir a presidência, em 2012, quanto depois. O mesmo ocorreu com o atual diretor de Abastecimento, José Carlos Cosenza.
De acordo com o jornal, Graça foi informada sobre contratações irregulares na área de Abastecimento durante a gestão de Paulo Roberto Costa e de aditivos nas obras da refinaria Abreu e Lima, envolvendo o cartel de empreiteiras investigadas na Lava Jato.
As denúncias foram feitas por Venina Velosa da Fonseca, ex-gerente-executiva da área de Abastecimento, que foi subordinada de Costa.
Uma das mensagens para Graça foi enviada por Venina no dia 7 de outubro de 2011. Venina diz não ver mais alternativas para mudar a situação dos desvios na empresa e sugere apresentar a documentação que possui a Graça, então diretora de Gás e Energia.
Os desvios a que Venina se referiam foram revelados pela Folha em 2009.
Ela denunciou naquele ano que o então gerente de Comunicação da área de Abastecimento, Geovane de Morais, havia autorizado o pagamento de R$ 4 milhões, sem licitação, a duas produtoras de vídeo que trabalharam nas campanhas do governador da Bahia, Jaques Wagner (PT).
Uma auditoria interna realizada pela Petrobras concluiu que foram pagos R$ 58 milhões em contratos autorizados por Morais mas cujos serviços não foram prestados. O governador disse que refuta veementemente qualquer suposta ligação dele ao caso.
As constatações de problemas comunicadas pela ex-gerente incluíram ainda contratações atuais de fornecedores de óleo combustível da Petrobras no exterior que subiram em até 15% os custos, de acordo com o “Valor”.
Comentário do programa – Talvez a maior dificuldade de Dilma, as estas alturas seja encontrar alguém de sua confiança e de ficha limpa para comandar a Petrobrás. (LGLM)