(José Augusto Longo, no Patos Online)
Justíssima a homenagem – e já não era sem tempo – prestada dias passados na Fundação Ernane Sátyro, ao ex-vereador Polion Carneiro.
A homenagem fez parte de comemorações alusivas aos quinze anos do Jornal a Verdade, editado pelo Partido Comunista Revolucionário, aqui representado pelo atuante jornalista Josivan Antero.
A homenagem a Polion, apesar de merecida, infelizmente, talvez por falta de tempo para uma melhor propagação, não contou com o público que o ato ensejava. Apenas familiares e alguns amigos lá compareceram e alguns prestaram depoimentos sobre a vida e a arte do político, do homem público e do poeta já falecido. Mais notadamente, sobre a poesia perpetuada num único livro, “Versos de Ninguém” que retrata com fidelidade a alma do poeta escritor.
Polion Carneiro, que foi vereador por três mandatos, ex-funcionário do extinto Banco Nacional de Habitação e Caixa Econômica Federal, advogado, economista e presidente do Sindicato dos Bancários em João Pessoa, tenho certeza, trocaria todos estes títulos, caso fosse possível, por um bom papo, por uma noitada boêmia, por um apaixonado verso.
Mas, no entanto, soube dosar com equilíbrio suas tendências lúdicas, com a convivência harmoniosa com a família, constituída a partir da amada Marúzia, o mais profundo dos seus amores, seguida pelas três filhas do casal, todas, graças aos pais, bem encaminhadas na vida.
Bom orador, envolvente com as palavras, tinha, como poucos, um discurso político em suas campanhas para cada público ouvinte, daí porque ainda hoje é considerado como um dos nossos maiores tribunos populares, pela totalidade da nossa sociedade que foi contemporânea sua.
Contava, também, a seu favor, a alegria constante que deixava transparecer, mesmo que, em algumas oportunidades, sua alma de poeta estivesse combalida, em busca de uma saudade que ele sempre cantou e com quem mantinha a maior cumplicidade. Esta saudade, poderia muito bem ser da família, dos amigos, das noitadas boêmias, da cidade a que amava, de qualquer coisa, contanto que a saudade sempre fosse a companheira constante. Veio ele de uma família de agricultores evangélicos, de coração enorme, um casal de gente boa. Seu Severino Canuto e dona Diva eram pessoas educadas, de índole pacífica, de boa convivência, atributos que transmitiram aos filhos, indistintamente.
Fiz estas alusões ao ex bom companheiro de Câmara de Vereadores, disse do seu caráter, do seu modo de ser e de viver, para tentar dissolver uma dúvida que paira sobre as cabeças de alguns patoenses. Per ter sido preso durante a chamada “Revolução de 64”, juntamente com outros companheiros – mais sonhadores do que propriamente ativistas -, muita gente o rotula de “comunista”. Polion Carneiro, na verdade, nunca foi comunista. Polion Carneiro foi, durante toda a sua vida, isso sim, um nacionalista. Polion, bem como a grande maioria dos patoenses detidos na época, jamais pensaram em dar o Brasil de mão beijada ao comunismo ou a outro qualquer regime totalitário, fosse ele de qualquer dos dois extremos. O que sonhavam e os que sobreviveram ainda sonham, é com um Brasil para os brasileiros, com divisão de renda equânime, sem que preciso fosse a tomada pura e simples do patrimônio dos mais afortunados. Lutavam, à época, por um Brasil independente; sonhavam, repito, com um País onde sua enorme riqueza fosse utilizada em benefício do seu povo e nunca expropriada pelas mãos incapazes de militares incompetentes, metidos a salvadores da Pátria. Não queriam, por isso lutavam, para que também o Brasil não se transformasse no que é hoje: uma Nação comandada por aproveitadores, gente que se acosta ao Governo a que pertence, para encher a burra com o dinheiro que e do povo brasileiro e nunca exclusivamente deles. Estão aí os escabrosos exemplos.
Quem está lendo este escrito, deve estar pensando que sou adepto da estrema direita, um combatente vigilante contra o comunismo. Engana-se quem assim pensa. O que não concebo são os dois extremos, de direita ou de esquerda, já que entendo que todo radicalismo é burro. Tanto condeno o nazifascismo, quanto o comunismo, por acha-los, totalmente fora de contexto nos dias de hoje. Não entendo como os da extrema direita condenam as evoluções naturais do ser humano, na questão do gênero, como me admiro que pessoas a quem tenho na conta de inteligentes, utilizem da nossa liberdade de expressão, dentre outras, para tecer loas escancaradas a regimes fechados, como por exemplo o cubano, onde não há liberdade alguma e onde os direitos humanos são plenamente deixados de lado. Quando citamos qualquer coisa a respeito, logo aparecem os “castristas” com as desculpas de que a medicina evoluiu, que lá não há analfabetos, que a mortalidade infantil chegou a zero. Ora, quero que mostrem o que foi feito livremente, o que o povo quis que fosse feito. Quero que justifiquem por que os milhares de médicos recrutados recentemente pelo governo brasileiro, recebem aqui uma ninharia e oitenta por cento ou mais dos seus salários são remetidos a uma entidade manobrada pelo regime comunista da Ilha.
Polion foi, pura e simplesmente, um nacionalista. Quando de sua detenção, também foram detidos Marcos Nogueira, Avestruz, Toinho Cavalcante e Romero Nóbrega, dentre outros. Será que quem conheceu tais figuras, pode rotulá-los de comunistas? Será que o telúrico Romero, alguma vez pensou em entregar a terra que tanto amava a algum estrangeiro de plantão? Será que Marcos e os outros, também pensavam dar de mão beijada o Brasil a comunistas ou a quem quer fosse fora das nossas fronteiras? Será que Avestruz, que dizem já recebeu até indenização e busca um salário mensal apenas por ter sido preso, foi realmente um comunista convicto? Que comunista convicto se humilharia em pedir indenização aos seus algozes? O ex-governador Antonio Mariz também foi preso. Mas, será que o fazendeiro de Ouro Velho, deixaria suas propriedades serem repartidas sem o seu consentimento?
Por isso não confundir nacionalistas com comunistas. Uma coisa nada tem a ver com a outra. Polion bem poderia, medidas as proporções em função dos cargos públicos exercidos, ser comparado a Ronaldo Cunha Lima. Ambos foram políticos, e amavam a família, ambos amavam a noite, eram boêmios e poetas. Ronaldo também foi cassado e perseguido e nem os mais ferrenhos adversários seus puderam taxa-lo de comunista.
Patos, através da Câmara de Vereadores a quem Polion Carneiro dignificou como pouco dos que por lá passaram, bem poderia também homenageá-lo dando seu nome a uma das nossas inúmeras ruas sem denominação, a uma praça ou outro logradouro importante desta cidade que foi sua e a quem tanto amou. Fica a sugestão!