Um bom começo

By | 10/01/2015 4:09 pm

(Editorial da Folha no domingo passado)

O discurso de posse da presidente Dilma Rousseff (PT) evidenciou outra vez o quanto a petista resiste à crítica de que o programa de seu primeiro governo resultou em degradação das condições de crescimento econômico, fracasso notável em passivos crescentes, produtividade estagnada, inflação alta e regressão institucional.

Pelo menos se verifica, com alívio, que, apesar da recusa retórica a admitir erros, Dilma não tem sido empecilho a um plano de retorno à racionalidade econômica.

Recém-nomeados, os ministros da Fazenda e do Planejamento afirmaram que o governo voltaria a ter uma meta crível de poupança. Ademais, empregaria medidas corretas do valor da dívida e conteria o agigantamento dos bancos públicos. Houve ainda vagas promessas de reformas microeconômicas e de incentivo ao mercado de capitais.

Desde então, o crédito no BNDES encareceu, primeira iniciativa com vistas a reduzir caros subsídios para empresas privadas. Há compromissos e primeiros passos no sentido de dar cabo de subvenções à energia elétrica, entre outras.

Divulgou-se um pacote de ações, devidas faz muito tempo, a fim de conter gastos exagerados com pensões por morte e seguro-desemprego. Não houve “cassação” de direitos, mas apenas e tardiamente a exigência de prazos de carência para a concessão de tais benefícios.

Havia incentivos para a montagem de arranjos familiares com o propósito de obter pensões precoces, além de estímulos para a alta rotatividade no emprego, com o que se cavavam vantagens indevidas contra o interesse da maioria dos contribuintes.

A nova equipe econômica tem reafirmado seu compromisso com o desmonte do programa de endividamento público para a concessão de crédito estatal, que custou quase meio trilhão de reais desde 2009.

Tanto ministros da área econômica como o Banco Central tomam ou preanunciam medidas que devem levar a taxa de câmbio a um valor mais realista e compatível com as necessidades de financiamento externo do país.

Isto é, um real mais desvalorizado, o que deve conter o consumo de importados e dar algum estímulo às exportações brasileiras –espera-se, assim que seja reduzido o preocupante déficit externo.

Ainda nesse front, o ministro Joaquim Levy (Fazenda) tocou em outro tabu do petismo ao insinuar que vai buscar a redução do protecionismo no comércio exterior.

A nova equipe econômica mal começou a trabalhar. No entanto, anunciou ou já aprovou algumas medidas relevantes, as quais por ora avalizam as boas intenções de conter o déficit público, eliminar intervenções indevidas do governo e promover o aumento da eficiência. É um bom começo.

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Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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