(João Trindade, Professor, poeta, jornalista e advogado, no Patos Metropole)
É o título de uma obra que um dia escreverei, antes de me ir desta vida, relembrando os bons momentos que passei nessa cidade, que me acolheu na pré-adolescência. Passei nela dos cinco aos catorze anos, período em que “era feliz e não sabia…”.
E me volta à memória a areia quente da rua Peregrino de Araújo, o pé descalço, a lembrança de uma menina chamada Vânia, somente de calcinha (naquela época, a inocência existia; não havia essa impudicícia de hoje, que vê taradismo até em crianças da tenra idade). Depois, outros “amores”: Waldízia, filha de Dudu Viola; Conceição, filha de um radiomador de Santa Luzia…
Ah, quanta saudade!
O Cine Eldorado; eu, vestido de “rei”, por haver ganhado o concurso de calouros, no “Festival da Alegria”. Tal festival acontecia, aos domingos, pela manhã.
O Cine Eldorado me lembra meu tabuleiro. Sim, com apenas doze anos, vendia bombom no mercado, com meu tabuleiro; de manhã, aula no Estadual de Patos; à tarde, a venda de jornais ao quilo e as andanças com o tabuleiro, na feira de Patos. À noite, a venda era em frente do cinema. Lembro que o “Chiclete de Caixinha” (Adams) vendia pouco; mas havia, no mercado, um comerciante apelidado de Bodim, que sempre me comprava. O bombom “pif-paf”, o cigarro vendido a retalho…
E as tardes de Municipal?
Nacional e Esporte. Lá ia eu, com minha camisa de chita, com listras verticais, vermelha e branca, confeccionada, como todo o carinho do mundo, pela minha mãe… Quanta saudade de minha mãe! Meu pai morreu quando eu tinha apenas cinco anos; portanto, minha mãe sempre foi minha referência.
As missões de Frei Damião; a fuga para encontrar Conceição, o Adeus em relação à cidade, quando me despedi, cantando “A Curvas da Estrada de Santos”, no Eldorado.
Hoje, estou voltando, minha terra! Em forma de palavras, mas estou. Um dia, fui aí e encontrei apenas uma cidade triturada por motos mal educadas, drogas, o “progresso” em polvorosa, que levou, para sempre, minhas peladas no Campo do Óleo; meus amigos Leoberto, “Levelângio”, Nego Chico…
Te amo, Patos!
Comentário do programa – Natural do Piancó, João foi criado na Peregrino de Araújo, rua a que também me ligo por profundos vínculos. Dona Cecília, mãe de João, de Virgílio e de Chico Trindade (meus colegas na Espinharas) morava no mesmo quarteirão em que morava meu avô. Fomos de certa maneira contemporâneos. João é um dos melhores professores de Português da Paraíba (atua em João Pessoa), o que me causa inveja já que trilhei os mesmos caminhos mas não perseverei. Virei jornalista e advogado mas escapei de ser poeta e continuar professor. Há uns dez dias eu “namorava” com esta crônica dele. (LGLM)