Morada do sonho (*)

By | 14/03/2015 8:24 pm

(João Trindade, Professor, poeta, jornalista e advogado, no Patos Metropole)

É o título de uma obra que um dia escreverei, antes de me ir desta vida, relembrando os bons momentos que passei nessa cidade, que me acolheu na pré-adolescência. Passei nela dos cinco aos catorze anos, período em que “era feliz e não sabia…”.

E me volta à memória a areia quente da rua Peregrino de Araújo, o pé descalço, a lembrança de uma menina chamada Vânia, somente de calcinha (naquela época, a inocência existia; não havia essa impudicícia de hoje, que vê taradismo até em crianças da tenra idade). Depois, outros “amores”: Waldízia, filha de Dudu Viola; Conceição, filha de um radiomador de Santa Luzia…

Ah, quanta saudade!

O Cine Eldorado; eu, vestido de “rei”, por haver ganhado o concurso de calouros, no “Festival da Alegria”. Tal festival acontecia, aos domingos, pela manhã.

O Cine Eldorado me lembra meu tabuleiro. Sim, com apenas doze anos, vendia bombom no mercado, com meu tabuleiro; de manhã, aula no Estadual de Patos; à tarde, a venda de jornais ao quilo e as andanças com o tabuleiro, na feira de Patos. À noite, a venda era em frente do cinema. Lembro que o “Chiclete de Caixinha” (Adams) vendia pouco; mas havia, no mercado, um comerciante apelidado de Bodim, que sempre me comprava. O bombom “pif-paf”, o cigarro vendido a retalho…

E as tardes de Municipal?

Nacional e Esporte. Lá ia eu, com minha camisa de chita, com listras verticais, vermelha e branca, confeccionada, como todo o carinho do mundo, pela minha mãe… Quanta saudade de minha mãe! Meu pai morreu quando eu tinha apenas cinco anos; portanto, minha mãe sempre foi minha referência.

As missões de Frei Damião; a fuga para encontrar Conceição, o Adeus em relação à cidade, quando me despedi, cantando “A Curvas da Estrada de Santos”, no Eldorado.

Hoje, estou voltando, minha terra! Em forma de palavras, mas estou. Um dia, fui aí e encontrei apenas uma cidade triturada por motos mal educadas, drogas, o “progresso” em polvorosa, que levou, para sempre, minhas peladas no Campo do Óleo; meus amigos Leoberto, “Levelângio”, Nego Chico…

Te amo, Patos!

Comentário do programaNatural do Piancó, João foi criado na Peregrino de Araújo, rua a que também me ligo por profundos vínculos. Dona Cecília, mãe de João, de Virgílio e de Chico Trindade (meus colegas na Espinharas) morava no mesmo quarteirão em que morava meu avô. Fomos de certa maneira contemporâneos. João é um dos melhores professores de Português da Paraíba (atua em João Pessoa), o que me causa inveja já que trilhei os mesmos caminhos mas não perseverei. Virei jornalista e advogado mas escapei de ser poeta e continuar professor. Há uns dez dias eu “namorava” com esta crônica dele. (LGLM)

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Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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