Camargo Corrêa pagou R$ 110 milhões em propina na Petrobras, diz executivo

By | 18/04/2015 7:57 pm

Deu na Folha Online

O vice-presidente da Camargo Corrêa, Eduardo Leite, disse em depoimento prestado em seu acordo de delação premiada que a empreiteira pagou R$ 110 milhões em propina para fechar contratos com a Petrobras entre 2007 e 2012.

Desse montante, a diretoria de Serviços, comandada por Renato Duque nessa época, ficou com R$ 63 milhões, enquanto a diretoria de Abastecimento, que tinha à frente Paulo Roberto Costa, levou R$ 47 milhões, segundo Leite.

Duque, que está preso, foi indicado ao cargo pelo ex-ministro José Dirceu —o que ambos negam. Já Costa foi uma indicação do PP, mas, no cargo, ele conseguiu o apoio do PT e do PMDB.

O teor do acordo foi disponibilizado pela Justiça federal de Curitiba na noite desta sexta (17). Os depoimentos foram prestados em março.

PRESIDÊNCIA SABIA

Leite contou aos procuradores e aos delegados da Polícia Federal que a cúpula da Camargo sabia da prática de pagamento de suborno, “desde a diretoria executiva até a presidência executiva”.

O presidente da empreiteira, Dalton Avancini, também fez um acordo de delação, e contou que a Camargo pagou R$ 10 milhões para conseguir uma obra na Revap (Refinaria Vale do Paraíba, em São Paulo). O suborno foi pago em 2011 pelo empresário Julio Camargo, que recebeu os recursos da Camargo por meio de uma empresa dele, a Piemonte, simulando a prestação de consultoria.

O vice-presidente conta que teve um jantar com Duque e Pedro Barusco, gerente que trabalhava na área de Serviços, no qual a dupla cobrou R$ 50 milhões que a empreiteira devia em suborno só para esse setor da Petrobras. A cobrança ocorreu na casa de Julio Camargo, que já confessou fazer repasse de suborno no esquema da Petrobras.

Ao falar sobre as obras conquistadas pelo Camargo, Avancini cita 32 contratos e diz que todos os negócios fechados depois de 2007 foram conquistados com pagamentos de propina para a diretoria de Serviços, de Renato Duque. Segundo lista entregue pelo executivo, são dez obras, entre as quais as mais caras já feitas pela Petrobras como a refinaria Abreu e Lima e o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro).

Avancini relata que a empresa Sanko Sider, que foi contratada pela Camargo para fornecer tubos para a refinaria Abreu e Lima, repassou R$ 31 milhões em propina por meio de Youssef. Foi o doleiro quem indicou a Sanko para a Camargo, segundo ele.

O contrato da Camargo nessa refinaria, que está em fase de testes em Pernambuco, já atingiu R$ 3,8 bilhões.

O presidente da Camargo também relatou que a empreiteira participou de um cartel que fraudava licitações da Petrobras e acusou a Odebrecht de liberar o esquema.

A Camargo informou por meio de sua assessoria que não vai se pronunciar sobre a delação, mas está colaborando com as autoridades. A defesa de Duque nega que ele tenha praticado crimes na diretoria de Serviços da estatal. A Sanko Sider refuta com veemência ter praticado irregularidades.

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Category: Nacionais

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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