Deputados que vão apurar tragédia em Mariana receberam R$ 2 milhões da Vale (veja comentário ao final)

By | 15/11/2015 7:26 am

Do UOL, em Brasília
Nesta semana, três comissões parlamentares foram criadas para acompanhar o rompimento das barragens de mineração na região de Mariana, em Minas Gerais. A tragédia até o momento contabiliza sete mortos identificados, 18 desaparecidos e centenas de desabrigados, além de danos ambientais a rios de Minas e do Espírito Santo.

Em comum, além do objetivo de investigar o caso e acompanhar as providências adotadas, as comissões dividem o fato de que seus integrantes tiveram a campanha eleitoral paga por doações de empresas do grupo Vale, mineradora que, com a BHP Billiton, controla a Samarco, empresa diretamente responsável pela operação das barragens em Mariana.

As doações dirigidas às campanhas dos membros titulares dessas comissões somam R$ 2,6 milhões.

Na Câmara dos Deputados, 13 dos 19 membros da comissão externa instalada nesta quinta-feira (12) para “acompanhar e monitorar os desdobramentos do desastre ambiental” foram beneficiados por doações de empresas ligadas à Vale, em valores que vão de R$ 465 a R$ 500 mil.

Na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, cinco dos nove membros titulares da comissão extraordinária criada na quarta-feira foram beneficiados com doações do grupo Vale, segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). As contribuições de campanha aos integrantes da comissão somam R$ 368 mil.

Já na Assembleia Legislativa do Espírito Santo, estado afetado pela enxurrada de lama que atingiu o rio Doce, as empresas do grupo Vale doaram R$ 428 mil a sete dos 15 membros da comissão representativa criada para acompanhar os impactos ambientais da tragédia.

Fizeram doações as empresas Vale Energia, Vale Manganês, Salobo Metais, Minerações Brasileiras Reunidas e Mineração Corumbaense, todas ligadas ao grupo Vale. A Samarco não fez doações eleitorais.

As contribuições listadas incluem tanto doações diretas em dinheiro quanto doações indiretas em serviços de campanha. Por exemplo, se um partido usou uma doação da Vale para comprar material de campanha, os candidatos beneficiados têm de registrar em sua prestação de contas o valor equivalente ao material como uma doação do partido feita a partir de uma contribuição financeira da Vale.

Bancada

Não é fácil encontrar deputados que não receberam doações de empresas do grupo.

Entre os 53 da bancada mineira na Câmara dos Deputados, 33 foram beneficiados com contribuições de empresas ligadas à Vale, por meio de doações diretas ou indiretas.

No Espírito Santo, que possui bancada de dez deputados, oito receberam doações. A comissão externa da Câmara é composta por parlamentares desses dois Estados.

Ao todo, nas últimas eleições, o grupo Vale gastou R$ 80 milhões em doações, que beneficiaram três candidatos a presidente, 18 a governador, 19 a senador, 261 a deputado federal e 599 a deputado estadual. As doações beneficiaram políticos de 27 partidos. O país possui, hoje, 35 legendas em atividade.

Nesta quinta-feira, o Ibama (Instituto do Meio Ambiente e Recursos Renováveis)multou a Samarco em R$ 250 milhões por causa dos danos ambientais.

Dentro da lei

A Vale informou que todas as doações obedecem à legislação e estão registradas na Justiça. Segundo a empresa, as doações de campanha foram feitas a lideranças dos Estados onde a companhia atua, “levando em conta a visão desses líderes em consonância com os valores de desenvolvimento econômico e social compartilhados pela Vale”, diz nota enviada pela empresa.

“A Vale sempre atuou de maneira ética e transparente e, por isso, não interfere em ações parlamentares”, diz a nota.

A Vale e a BHP Billinton, controladoras da Samarco, anunciaram a criação de um fundo de emergência para o trabalho de reconstrução da região e auxílio às pessoas afetadas.

Na comissão criada na Câmara, tiveram gastos de campanha bancados por empresas ligadas a Vale os deputados Laudívio Carvalho (PMDB-MG), Gabriel Guimarães (PT-MG), Leonardo Monteiro (PT-MG), Paulo Abi-ackel (PSDB-MG), Rodrigo de Castro (PSDB-MG), Paulo Foletto (PSB-ES), Eros Biondini (PTB-MG), Mário Heringer (PDT-MG), Subtenente Gonzaga (PDT-MG), Fábio Ramalho (PV-MG), Brunny (PTC-MG), Givaldo Vieira (PT-ES) e Lelo Coimbra (PMDB-ES).

Na assembleia mineira, Agostinho Patrus Filho (PV), Thiago Cota (PPS), Gustavo Corrêa (DEM), Gustavo Valadares (PSDB) e Gil Pereira (PP). No Legislativo do Espírito Santo, foram beneficiados Guerino Zanon (PMDB), Janete de Sá (PMN), Rodrigo Coelho (PT), José Carlos Nunes (PT), Gildevan Fernandes (PV), Bruno Lamas (PSB) e Luzia Toledo (PMDB).

Os deputados beneficiados pelas doações negam a possibilidade de as contribuições eleitorais influenciarem sua atuação nas comissões.

Comentário do programa – Não há motivo para surpresas. Afinal todo mundo sabe que a empresa que investe em um candidato espera uma contrapartida dele, se conseguir se eleger. Esta contrapartida é a defesa dos interesses da empresa que o financiou.  Nenhuma empresa investe em um candidato, de graça, ela sempre espera o pagamento. Se estes deputados mineiros e capixabas não correrem para defender o interesse das mineradoras, nunca mais vão ver a cor do dinheiro delas. Só não entram nestas comissões se não houver vaga para eles, mas vão brigar por isso. Querem mostrar serviço. (LGLM)

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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