O cantor, compositor e multi-instrumentista Carlinhos Brown disse, nesta terça-feira (17), que o Nordeste está jogando fora o forró de pé serra em detrimento do “forró eletrônico”, cantado por bandas. A declaração foi feita no Garden Hotel, em Campina Grande, momentos antes do início da oitava edição do Troféu Gonzagão, que homenageia músicos e compositores da música regional.
O baiano, que foi homenageado no evento, ressaltou que o troféu é importante, pois quando reúne os artistas do Nordeste mostra a qualidade cultural que a região tem para o mundo inteiro aplaudir. “Geralmente eu digo a meus amigos que a Europa é mais próxima do Nordeste e a gente precisaria virar o rosto para lá. Eles nos querem muito, sobretudo algumas coisas que o Nordeste está jogando que é o forró pé-de-serra. Os europeus são loucos por isso, esse jeito” acentuou Brown.
Para Carlinhos, o forró (eletrônico) que está acontecendo atualmente é muito bonito e alegre, mas se assemelha a ritmos caribenhos e outros. “Tem uma identidade de renovação do Brasil, isso é bom, mas nós não podemos abrir mão das coisas que realmente nos identificam”, destacou o multi-instrumentista. Na sua visão opinião, devem ser preservados o pandeiro de Jackson e a sanfona de Luiz Gonzaga, o que vem sendo feito hoje por Elba Ramalho, Alceu Valença, Flávio José, Targino Gondim, Pinto do Acordeon e Santana, entre outros artistas.
Durante a entrevista, Carlinhos Brown também criticou a extinção do Ministério da Cultura e sua incorporação ao Ministério da Educação. “É um retrocesso dos maiores, Nós queremos quer o Brasil se encontre. A cultura é o Estado e não os governos que são transitórios. A visão cultural é uma visão arcaica e equivocada. A força da cultura do Brasil deve ser uma das maiorias, a música brasileira interessa muito ao mundo”, concluiu Brown, que a Lei Federal de Incentivo à Cultura é a lei que institui politicas públicas para a cultura nacional, conhecida também por Lei Rouanet.
(Josusmar Barbosa, no Jornal da Paraíba)