Indicada sob dúvidas, Dodge tem desafio de manter biografia intacta

By | 02/07/2017 4:44 am

 

(Deu na Folha)

A indicação da procuradora Raquel Dodge para a sucessão de Rodrigo Janot na chefia da Procuradoria-Geral da República naturalmente vem carregada de questionamentos.

 

Dodge foi a segunda colocada na lista tríplice da categoria, ou seja, não seria a preferida número um dos colegas. É considerada adversária de Janot dentro da PGR e tem o nome vinculado nos bastidores a figuras próximas de Michel Temer, como o ministro Gilmar Mendes e o ex-presidente José Sarney.

 

Afinal, ela vai assumir o papel de engavetadora da Lava Jato e das investigações contra o presidente que a indicou para o cargo mais importante de sua carreira?
É precipitado, para não dizer injusto, qualquer tipo de julgamento prévio sobre sua conduta no cargo de comandante do Ministério Público Federal.

 

Dodge terá pela frente um desafio único: expor-se a um país impactado pelas revelações de corrupção na alta cúpula da política, “melando” todo um trabalho feito nos últimos três anos, ou manter intacta sua biografia, cujo ápice foi a investigação do “Mensalão do DEM” em 2009, que desmantelou um esquema de roubalheira no governo de José Roberto Arruda no Distrito Federal.

 

É também um equívoco apostar que ela assumirá a chefia da PGR sem apoio da categoria. Dodge tem história e respeito dentro da Procuradoria.

 

Na eleição interna da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República), obteve 587 votos, ante 621 de Nicolao Dino, uma diferença pequena e que mostra uma categoria dividida.

 

Ela tem respaldo de boa parte dos colegas –até porque não está escrito em nenhum lugar que Temer deveria ter respeitado a ordem de escolha. Se assim fosse, nem lista tríplice haveria, mas um único nome seria levado ao Planalto.

 

Recentemente, Dodge disse à Folha ter “compromisso de integral e plena continuidade do trabalho contra a corrupção da Lava Jato, [operações] Greenfield, Zelotes e todos os demais processos em curso, sem recuar, nem titubear”.

 

Ela tem o direito e o dever de corrigir equívocos e abusos (que não são poucos) do Ministério Público Federal, mas será cobrada pela garantia que tem dado de assegurar o “compromisso” com a investigação contra a corrupção no país.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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