Ação de senador tenta impedir fim de grupo de trabalho da Lava Jato

By | 08/07/2017 3:55 pm

 

(Coluna Expresso da Revista Época)

 

O senador Randolfe Rodrigues, da Rede do Amapá, protocolou uma ação popular na Justiça Federal de Macapá para impedir o encerramento do grupo de trabalho da Polícia Federal responsável pela Lava Jato em Curitiba. A decisão de acabar com o GT foi revelada nesta quinta-feira (6) por ÉPOCA, na coluna EXPRESSO, e confirmada pela direção da PF. A ação popular do senador Randolfe busca uma decisão em caráter liminar e pede a manutenção do grupo de policiais que se dedicam exclusivamente à Lava Jato, de acordo com o jornal Valor Econômico.

 

“Tal medida foi adotada na surdina, sem qualquer antecedência razoável e conseguinte planejamento e, ainda, sem a publicização das motivações objetivamente circunstanciadas que pudessem mitigar a mais que razoável suspeita de intervenção política nos trabalhos policiais”, diz o texto protocolado na Justiça. Randolfe quer que o Ministério da Justiça apresente estudos sobre os impactos dessa reestruturação da equipe. A ação pede também que o juiz ouça os procuradores da República e os delegados que integram a força-tarefa.

 

Após EXPRESSO revelar nesta quinta-feira (6) que a Polícia Federal acabou com o Grupo de Trabalho dedicado à Lava Jato no Paraná, os procuradores do Ministério Público Federal designados para atuar na operação soltaram uma nota para manifestar a discordância com a decisão da PF.  A ideia central do comunicado é de que o fim do grupo da PF prejudicará as investigações. Os procuradores esperam, ainda, que a PF desista de dissolver o grupo.

Leia a nota abaixo:

 

  1. A operação Lava Jato investiga corrupção bilionária praticada por centenas de pessoas, incluindo ocupantes atuais e pretéritos de altos postos do Governo Federal. Foram realizadas 844 buscas e apreensões em 41 fases que ensejaram a apreensão de um imenso volume de materiais – apenas na primeira fase, foram mais de 80 mil documentos. São rastreadas hoje mais de 21 milhões de transações que envolvem mais de R$ 1,3 trilhão. Já foram acusadas por crimes graves como corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa mais de 280 pessoas, e centenas de outras permanecem sob investigação. Embora já tenham sido recuperados, de modo inédito, mais de R$ 10 bilhões, há um potencial de recuperação de muitos outros bilhões, se os esforços de investigação prosseguirem.
  2. A anunciada integração, na Polícia Federal, do Grupo de Trabalho da Lava Jato à Delegacia de Combate à Corrupção e Desvio de Verbas Públicas, após a redução do número de delegados a menos de metade, prejudica as investigações da Lava Jato e dificulta que prossigam com a eficiência com que se desenvolveram até recentemente.
  3. O efetivo da Polícia Federal na Lava Jato, reduzido drasticamente no governo atual, não é adequado à demanda. Hoje, o número de inquéritos e investigações é restringido pela quantidade de investigadores disponível. Há uma grande lista de materiais pendentes de análise e os delegados de polícia do caso não têm tido condições de desenvolver novas linhas de investigação por serem absorvidos por demandas ordinárias do trabalho acumulado.
  4. A redução e dissolução do Grupo de Trabalho da Polícia Federal não contribui para priorizar ainda mais as investigações ou facilitar o intercâmbio de informações. Pelo contrário, a distribuição das investigações para um número maior de delegados e a ausência de exclusividade na Lava Jato prejudicam a especialização do conhecimento e da atividade, o desenvolvimento de uma visão do todo, a descoberta de interconexões entre as centenas de investigados e os resultados.
  5. A necessidade evidente de serviço, decorrente inclusive do acordo feito com a Odebrecht, determinou que a equipe do Ministério Público Federal na Lava Jato em Curitiba tenha aumentado, o que ocorreu em paralelo ao aumento das equipes da Lava Jato no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, no mesmo período em que a Polícia Federal reduziu a equipe e dissolveu o Grupo de Trabalho da Lava Jato em Curitiba.
  6. A Polícia Federal, assim como a Receita Federal, são parceiras indispensáveis nos trabalhos da Lava Jato. Reconhece-se ainda a dedicação do superintendente da Polícia Federal no Paraná, Rosalvo Franco, e do Delegado de Polícia Federal Igor de Paula, às investigações. Contudo, a medida tornada pública hoje é um evidente retrocesso. Por isso, o Ministério Público Federal espera que a decisão possa ser revista, com a consequente reversão da diminuição de quadros e da dissolução do Grupo de Trabalho da Polícia Federal na Lava Jato, a fim de que possam prosseguir regularmente e com eficiência as investigações contra centenas de pessoas e de que os bilhões desviados possam continuar a ser recuperados.

Comentário do programa – Governo e seus compinchas no Congresso querem estrangular a Operação Lava Jato que denunciou suas ladroeiras e ameaça seus mandatos com processos e prisões. Por isso tudo têm feito e farão para acabar com a Lava-Jato. Uma das formas de conseguir isso é reduzir os recursos destinados à Polícia Rodoviária Federal, à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal. Afinal, à medida que a ladroagem dos políticos e empresários aumentou, aumentou também o trabalho da polícia e com o aumento do trabalho as despesas. Cortar os recursos destinados à polícia, termina impedindo o trabalho dos policiais. Governo tem dinheiro para comprar os votos dos deputados e senadores e diz não ter dinheiro para as despesas da polícia. (LGLM)

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Category: Destaques

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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