(Raphael di Cunto, do Valor Econômico)
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), passou a conversar mais com o mercado financeiro desde o agravamento da crise política, num movimento visto por analistas, economistas e agentes com quem se reuniu como uma tentativa de mostrar que, caso o presidente Michel Temer seja afastado, estaria preparado para assumir a função, com a manutenção da agenda de reformas e da equipe econômica.
“Ele quer mostrar que tem estatura, está preparado para a função, que não é verde como sugerem”, disse um dos agentes que participaram de encontro recente. A “pouca” idade do presidente da Câmara, 47 anos, cinco mandatos de deputado, mas só uma passagem pelo Executivo, quando foi secretário de governo da prefeitura do Rio, geraram comentários de que ele não teria condições de tocar o país em meio à crise.
A intensa agenda de encontros com investidores e analistas na residência oficial ou, mais raramente, no gabinete da Câmara, a maioria sem registro na agenda, é vista como uma tentativa de mostrar o “plano de governo” para a eventualidade de a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) ser aprovada pelos deputados – chance que aumentou nos últimos dias.
Entre os ouvintes, segundo apurou o Valor, estão analistas do Santander, Itaú e Banco Société Générale Brasil, de corretoras como XP Investimentos e BGC Liquidez, empresas de análise, um dos sócios da Vetor Investimentos, Flávio Fucs, e economistas como o diretor-presidente do Insper, Marcos Lisboa, que tem interlocução com todo o mercado.
Um dos pontos mais recorrentes das conversas são elogios à equipe econômica – com quem, contudo, já teve divergências. O discurso é interpretado como a sinalização de que manteria o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, fiador das reformas. Maia também repete promessa de sua eleição para a presidência da Câmara e diz que não há clima para aumento de impostos no curto ou médio prazos.