(Catia Seabra e Carolina Linhares , na Folha)
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou, em conversas com auxiliares, que seja costurado um pacto de não-agressão com o candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, com vistas ao segundo turno.
Segundo petistas, a orientação é que o pedetista seja tratado como alguém do mesmo campo político. Emissários do ex-presidente vão procurar Ciro já na semana que vem.
Já que uma aliança com PDT está praticamente descartada no primeiro turno, Lula tem citado dois nomes do Sudeste que gostaria ver na vice de uma eventual chapa do PT à Presidência.
As opções são indicativas de que o ex-ministro Jaques Wagner é o preferido de Lula para substituí-lo caso seja mesmo impedido de concorrer. Como Wagner tem musculatura no Nordeste, um vice do Sudeste buscaria expandir esse eleitorado.
Wagner tem, no entanto, resistido à ideia de concorrer. Em tom de brincadeira, Lula tem repetido que Wagner está negando fogo. O ex-ministro tem sido pesadamente pressionado por governadores petistas para que assuma a tarefa. Em um jantar, chegou a dizer que não tem medo de processos. Mas que teria selado um compromisso com mulher e filhos.
Os nomes cobiçados por Lula são do ex-prefeito de Belo Horizonte Márcio Lacerda (PSB) e do empresário Josué Gomes (PR). Josué é filho do vice-presidente no governo de Lula, José de Alencar. Por isso, sua indicação seria simbólica.
A escolha de Lacerda poderia atrair o PSB para uma aliança. Essa configuração depende, no entanto, de uma articulação como PSB e com PR. Além desses dois partidos, o PT inicia negociações com o Pros. Se essa costura não prosperar, o PT poderá convidar Manuela D’Avila (PC do B) para compor a chapa, também na vice de Jaques Wagner.
Sonhando com uma aliança com o PSB para a corrida presidencial, o PT chegou a cogitar o nome de Renata Campos, viúva do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, para a vice. Nesse caso, o titular da chapa seria o ex-prefeito paulista Fernando Haddad.
O PT reuniu-se nessa sexta (8) em Contagem (MG) para fazer um lançamento simbólico da candidatura presidencial de Lula, mesmo ele estando preso em Curitiba. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse que impedir Lula de se candidatar será uma “brutalidade”. “Seria uma brutalidade, uma agressão com o presidente, porque nós estamos com recursos bem fundamentados em instâncias superiores”, disse.
Nem todos no partido pensam assim, contudo. Aliado de Ciro, o governador petista do Ceará, Camilo Santana, faltou ao evento.
Comentário do programa – Os petistas sabem que Lula não pode ser candidato, mas tentam manter a militância mobilizada para ajudar seus candidatos a senador e a deputado, elegendo o maior número possível deles. Ao mesmo tempo, preparam-se para a indicação de uma candidatura através da qual possam captar os efeitos da liderança do ex-presidente. (LGLM)