O padrinho do nome petista está na cadeia, e os fiadores do nome tucano são velhos conhecidos da Lava Jato
(Leandro Colon, Diretor da Sucursal da Folha e. Brasília, foi correspondente em Londres. Vencedor de dois prêmios Esso)
Os protagonistas das duas principais convenções presidenciais realizadas até agora são opostos ideologicamente e compartilham o sentimento de isolamento partidário e de perspectiva de competitividade.
Esnobado pelo Centrão, Ciro Gomes modulou de última hora seu discurso na sexta (20), buscando um clima de paquera com setores da esquerda indefinida, sobretudo o PSB.
Rejeitado pelo PR, Bolsonaro nada apresentou de novo no evento do PSL no Rio que o lançou oficialmente ao Planalto. Saiu de lá sem um vice formalizado e ainda sonhando em conseguir mais alguns segundos de TV para ir além do “meu nome é Jair”.
Em um exercício arriscado de futurologia política, faz sentido apostar que a dupla Ciro e Bolsonaro terá muita dificuldade em se manter competitiva até o dia 7 de outubro.
Sim, o imponderável sempre é capaz de balançar eleições. Foi assim em 2006, quando estourou o escândalo dos aloprados na véspera da reeleição de Lula. Em 2010, a campanha de Dilma Rousseff (PT) foi acusada de ter montado um bunker para espionar a turma de José Serra e de ter ligação com a violação de sigilos da filha do então candidato tucano.
Há quase quatro anos, o desastre aéreo que matou Eduardo Campos bagunçou por algumas semanas o cenário daquela eleição presidencial.
Os episódios acima preencheram manchetes, mas não alteraram o curso do resultado final. Lula, apesar dos aloprados, foi reeleito. Dilma, mesmo com a ação ilegal atribuída a correligionários, levou a melhor sobre o PSDB há oito anos (e em 2014).
Teimando com a perigosa mania de adivinhar a política, faz também sentido apostar que 2018 vai repetir a disputa PSDB x PT —no caso, Alckmin contra o candidato de Lula (Fernando Haddad ou Jaques Wagner).
A única certeza é que nenhum lado terá a ousadia de levantar o debate de combate à corrupção. O padrinho do nome petista está na cadeia, condenado em segunda instância, e os fiadores do nome tucano são velhos conhecidos dos escaninhos de inquéritos da Lava Jato.
Comentário do programa – “Em casa de enforcado, não se fala em corda”. Com tanta gente presa e processada, PT, PSDB e aliados jamais manifestarão interesse em apoiar a Lava Jato ou combater a corrupção. Afinal, a possibilidade de corrupção é o que torna a atividade política interessante para muitos dos nossos políticos. Afinal, por gastam milhões para se eleger, se não vão recuperar isso só com os seus salários? (LGLM)