(Agência Senado)
Um projeto de lei que pretende reverter a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre processos da Lava Jato que envolvem crimes eleitorais associados a crimes comuns foi apresentado pelo líder do PSL no Senado, Major Olimpio, na noite desta quinta-feira (14). O texto aguarda leitura no Plenário do Senado.
Em julgamento encerrado nesta quinta-feira, o Supremo decidiu, por seis votos a cinco, que processos da Lava Jato que envolvem crimes eleitorais associados a crimes comuns, como corrupção, devem tramitar na Justiça Eleitoral. A proposta de Major Olímpio, no entanto, determina que o crime comum será julgado pela Justiça competente e, o crime eleitoral, pela Justiça Eleitoral.
A intenção, segundo o senador, é sanar qualquer dúvida sobre a competência para julgar crimes comuns cometidos em conexão com crimes eleitorais, garantir o combate ao crime organizado e a corrupção, evitando a impunidade.
“A Justiça Eleitoral continuará a fazer o brilhante trabalho de combater crimes eleitorais e a Justiça comum irá continuar combatendo a corrupção e a impunidade”, diz na justificativa.
Os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Alessandro Vieira (PPS-SE) também se posicionaram sobre o assunto. Em seu Twitter, Randolfe manifestou interesse em apresentar projeto de lei no mesmo sentido e disse que “o combate ao crime de colarinho branco não pode retroceder em favor da cultura da impunidade”.
Já Alessandro Vieira protocolou projeto que extingue a competência criminal da Justiça Eleitoral, garantindo a atuação da Justiça Comum Federal nos casos de crimes eleitorais e crimes conexos. Ele disse que já iniciou a formação de um acordo com as lideranças partidárias para assegurar a tramitação da proposta em regime de urgência.
Comentário do programa – A decisão do STF tem sua lógica jurídica, baseada na Constituição. Mas tem um efeito perverso. A Justiça Eleitoral tem total capacidade para julgar os feitos eleitorais, mas as instâncias inferiores são influenciáveis pelos interesses locais e com pouca capacidade para enfrentar os feitos criminais mais complexos. Além do mais, as instâncias municipais só estão estruturadas para funcionarem nas eleições.
A decisão do STF terá o efeito perverso de facilitar a vida dos políticos envolvidos em crimes comuns. Claro que os parlamentares envolvidos em crimes de caixa dois vão votar contra a proposta de torná-los crimes comuns. (LGLM)