Bolsonaro diz que privatização dos Correios ‘está no radar’ do governo (veja nosso comentário)

By | 04/08/2019 7:27 am

 

Segundo o presidente, a empresa foi aparelhada politicamente pelos governos anteriores e precisa recuperar sua credibilidade

(Revista Veja)

 

O presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou nesta sexta-feira, 2, que a privatização dos Correios “está no radar” do governo. Na avaliação dele, a empresa foi “aparelhada” politicamente pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e precisa recuperar sua credibilidade. Na quinta, a também estatal Eletrobras anunciou o início de estudos para sua desestatização, após reunião de Bolsonaro com o presidente da companhia, Wilson Ferreira Júnior.

 

“Vocês sabem o que foi feito com os Correios. O mensalão começou com eles. Sempre foi um local de aparelhamento político e que foi saqueado, como no fundo de pensão. Os funcionários perderam muito, tiveram que aumentar a contribuição para honrar”, disse Bolsonaro ao deixar o Palácio da Alvorada no período da manhã.

 

Bolsonaro afirmou ainda que o presidente dos Correios, Floriano Peixoto, foi indicado para o comando da empresa para “fazer o melhor” e para recuperar a credibilidade da companhia. “Ele está fazendo bem o trabalho de recuperar a credibilidade que eles tinham antes do PT”, comentou. Os dois se reuniram na manhã desta sexta no Palácio do Planalto.

 

Peixoto chegou ao cargo em junho, após Bolsonaro anunciar a demissão do então presidente da estatal, general Juarez Aparecido de Paula Cunha, por “comportamento de sindicalista”. Segundo revelou o Radar na época, dias antes da demissão Cunha compareceu a uma comissão da Câmara e criticou a privatização dos Correios, elogiou projetos de lei de um deputado petistas, posou com parlamentares do PT e sindicalistas, que o aplaudiram várias vezes, o que foi mal visto dentro do governo.

 

No mês de maio, Bolsonaro afirmou a VEJA que deu sinal verde para a privatização dos Correios. “Vamos partir para a reforma tributária e para as privatizações. Já dei sinal verde para privatizar os Correios. A orientação é que a gente explique por que é necessário privatizar”, disse ele, na ocasião.

 

O governo enxerga a privatização da estatal com urgência. Em julho, VEJA teve acesso a cálculos preliminares feitos pela equipe do governo. As primeiras conclusões mostram que o tempo de vida útil para concretizar a venda dos Correios está em torno de cinco anos. Desde o início de 2018, a principal fonte de receita da estatal deixou de ser o monopólio postal — a entrega de cartas, largamente substituídas por várias formas de mensagem eletrônica — e passou a ser a entrega de encomendas, mudança impulsionada, sobretudo, pelo crescimento do e-commerce. No prazo previsto pela equipe econômica, as transportadoras privadas ultrapassarão a estatal na prestação do serviço. O ponto de virada inviabilizaria por completo a sua venda.

 

Nesta semana, os funcionários dos Correios chegaram a sinalizar uma greve, mas após acordo com o Tribunal Superior do Trabalho (TST), os sindicatos concordaram em não deflagrar greve antes do final de agosto, prazo pedido pelo TST para tentar costurar um acordo entre a empresa e os trabalhadores. Além de serem contra a privatização, os carteiros e outros profissionais dos correios protestam contra a proposta de reajuste salarial de 0,8% e da revogação de um acordo coletivo com a categoria.

 

Comentário do programa – Enquanto contestam a privatização, os funcionários continuam a dar motivos para justificar a decisão do Governo. Uma das razões apontadas pelo governo seria a ineficiência dos Correios. No mês passado tivermos que criticar aqui o descuido dos carteiros na entrega de correspondências que vem sendo  motivo de muitas reclamações. A fiscalização do trabalho mandou notificações com AR para cerca de cinquenta empresas localizadas em Patos que estão obrigadas a contratar jovens aprendizes, o que resultaria em cerca de setenta novos aprendizes. Cerca de quinze destas correspondências foram devolvidas por que o carteiro não havia encontrado o destinatário. Havia casos em que o endereço não estava realmente completo, mas era fácil identificar os destinatários. Eu próprio localizei dez destes destinatários e fiz a entrega das correspondências. Havia casos que não dá para acreditar. O carteiro não encontrou a Rádio Espinharas de Patos que funciona no mesmo endereço há quase setenta anos. Também não achou a Paróquia de Nossa Senhora da Guia, cuja residência fica ao lado da Catedral desde a era de quarenta. A justificativa foi de que o número estaria errado ou não estava afixado na parede ou era insuficiente. Na realidade, faltou interesse. Esta semana constatamos a devolução da correspondência destinada a uma emissora de rádio de Sousa cujo estúdio está no mesmo local há pelo menos vinte anos. O endereço estava correto, mas tinham feito uma reforma na fachada do prédio e ainda não tinham posto de volta o número da casa. Depois disso muita gente me denunciou que está sem receber correspondências, apesar de os seus endereços estarem corretos e as casas devidamente numeradas. Assim o Governo tem toda a razão para a privatização. A ineficiência na prestação do serviço, que rebaixa o preço, dificulta a venda da empresa, mas dificilmente vai fazer o Governo desistir da privatização. (LGLM)

 

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Category: Destaques

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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