A Casa do Estudante de Patos, entidade que existiu em Patos nas décadas de setenta e oitenta, dirigida por Juraci Dantas, foi uma instituição importante naquela época, por que deu oportunidade a centenas de estudantes carentes que vinham estudar em Patos e tinham um lar para chamar de seu. Perigo Neto postou nas redes sociais esta crônica de um dos residentes na Casa do Estudante que mostra a verdadeira face daquela instituição, que na época dava os fundos para a frente da Rádio Espinharas e onde o saudoso Cabo Jabiraca, nosso colega na Espinharas, muitas vezes, fazia uma “boquinha”.
A porta que se abriu
(Por Luiz Antônio)
Em conversas com velhos amigos, costumo fazer breve retrospectiva da minha vida estudantil, mencionando a importância marcante da Casa do Estudante de Patos na formação do meu caráter.
Foram pouco mais de três anos a partir de 04 de Março de 1974. Orgulhosamente, citava, como meu endereço, o número 39 da Avenida Solon de Lucena. Lembro daquela quente manhã, quando fui trazido, de Teixeira, pela minha saudosa mãe e admitido naquela conceituada instituição. Eram tempos de situações adversas e muitas dificuldades.
Colegas oriundos de várias cidades da região, todos carentes de recursos materiais, imaturos adolescentes, acolhidos com benevolência e generosidade pelo líder Juraci Dantas de Sousa.
Iniciava-se alí, sob o sol das Espinharas, a vida profissional de inúmeros jovens, através das nobres opções do saber; dos estudos; do conhecimento.
A hospitalidade patoense, a vitalidade do seu povo, nos encantara. Muitos foram os amores despertados e as amizades iniciadas naquela época mágica, cativante.
Quem cruzou a porta da “Casa”, como carinhosamente a chamávamos, aprendeu trilhar, com coragem e determinação, os caminhos da esperança; da confiança; das razões; das emoções.
Dezenas de rapazes. Grande parte não conhecia além da sua cidade natal. Naturalmente, eram inseridos na sociedade de Patos devido ao alto prestígio dos seus representantes.
Através da ótima convivência, aprendemos o valor da amizade que perdoa, do companheirismo que compreende, da experiência que esclarece.
Contornamos os obstáculos, vencemos os desafios. Esperamos, lutamos, construimos, vivemos…
Tantas vezes praticamos o bíblico “livre arbítrio” sem jamais nos deixar seduzir pelo vício, pela transgressão.
Reconheço, como legado, o patrimônio moral adquirido. As lições, tomadas de lá, nos permitiram conquistar a paz e o bem estar, mesmo que, para isso, tivéssemos que reparar, refazer nosso caminho.
Na impossibilidade de agradecer a todos meus contemporâneos pelas sementes que plantamos e pelos frutos que colhemos, compartilho estas linhas, produto das minhas lembranças. Alguém já escreveu: “o valor não está no preço mas no apreço”.
Sou muito grato aos anos vividos na Casa do Estudante.
Luziram minh’alma, não me permitiram ser um mendigo espiritual.