Segundo a carta assinada pelo governador, a democracia não deve ser um conceito vago, mas uma palavra viva que precisa estar presente no dia a dia
(Portal Correio)
O governador João Azevêdo anunciou, nesta terça-feira (3), a desfiliação do Partido Socialista Brasileiro (PSB). Em carta divulgada aos paraibanos, o gestor afirma que chegou a aguardar o restabelecimento do diálogo no PSB, mas, diante da falta de qualquer atitude de autocrítica depois da intervenção no Diretório Estadual, sai da legenda “em busca da democracia perdida”.
Segundo a carta assinada pelo governador, a democracia não deve ser um conceito vago, mas uma palavra viva que precisa estar presente no dia a dia. “E eu procuro praticá-la nas minhas atividades, no cotidiano, com minha equipe, com amigos, com companheiros e companheiras, na relação com a comunidade, com as instituições e os movimentos sociais. Uma prática que adoto em família, compartilhando com minha esposa e estendendo esse conceito a filhos e netos, como um legado de vida”, conceituou.
Na oportunidade, João também destaca as críticas que recebeu de membros do partido. “A lamentação eu não poderia deixar de registrar, porque essa dói profundamente e não vou guardar apenas comigo, pois isso faz mal à alma. As maiores críticas ao nosso Governo nesses 11 meses – ou melhor, dos ataques –, veio de membros do nosso próprio partido. E não foi do militante lá na ponta ou de alguém que votou e contribuiu de alguma forma, talvez desgostoso com algum fato menor ou desentendimento com alguém dos quadros governamentais. O antagonismo veio de figuras de proa do PSB, que mesmo antes da Intervenção ou do golpe, já atacavam o Governo, secretários e o governador”, pontuou.
Comentário nosso – O desenlace desta briga política entre o atual governador João Azevedo e seu antecessor Ricardo Coutinho já era esperado. Os dois não podia permanecer no mesmo partido e ambos tinham interesse em ficar com a estrutura do PSB. Os dois por razões parecidas. João Azevedo certamente pensa em ser candidato à reeleição em 2022. Ricardo certamente pensa em também ser candidato ao mesmo posto. Como Ricardo deve pensar em usar mais uma vez a prefeitura de João Pessoa para chegar novamente ao governo do Estado, tinha todo interesse em ficar com o PSB. Por isso se antecipou e se assenhorou do partido, forçando a saída de João Azevedo, o que só veio a acontecer agora. A troca de farpas entre os dois lados é normal, com a divulgação de notas sobre o assunto, tanto de parte de João, como de parte dos atuais donos do PSB local. Como consequência, comissionados indicados pelos partidários do girassol estão sendo defenestrados do governo estadual e deve acontecer uma debandada de deputados e prefeitos do PSB para o partido que agasalhar João Azevedo ou para partidos que o apoiam. “Como jumento carregado de açúcar, até o rabo é doce”, João Azevedo “tem a caneta” com capacidade para atrair deputados e prefeitos. Se vão continuar com ele até o fim, só o futuro dirá. Se há uma “doença” da maioria dos políticos é o oportunismo. A maioria deles abandona o barco assim que este começa a afundar. (LGLM)