Livânia diz que grupo do MDB cobrou R$ 8 milhões para indicar vice de Ricardo em 2014 (veja comentário no final da matéria)

By | 12/01/2020 11:39 am

 

João Paulo Medeiros – Blog Pleno Poder (Jornal da Paraíba)

 

Um dos trechos da delação premiada da ex-secretária de Administração do Estado, Livânia Farias, relata um episódio marcante na história recente da política paraibana: as eleições de 2014, quando o ex-governador Ricardo Coutinho (PSB) foi reeleito governador da Paraíba. Livânia afirma que antes da definição da chapa que concorreria no pleito, membros do MDB (na época PMDB) paraibano chegaram a pedir R$ 8 milhões para formalizarem uma aliança com o grupo socialista. A legenda iria indicar o ministro Vital do Rêgo Filho (na época senador pelo MDB) como candidato a vice-governador.

 

Ainda de acordo com Livânia, os recursos pedidos (R$ 8 milhões) seriam divididos entre os deputados Trócolli Júnior (Podemos), Nabor Wanderlei (Republicanos), Hugo Motta (Republicanos) e Raniery Paulino (MDB); além do ex-deputado federal Manoel Júnior (Solidariedade).

 

Dos citados por Livânia apenas o senador Veneziano Vital do Rêgo (PSB) e o ministro Vital do Rêgo Filho, na época senador, não receberiam os recursos – segundo ela. “Eles só aceitavam se a gente fizesse um repasse para dividir. Só não ia receber desse montante Vital, porque ia ser vice, e Veneziano”, relata Livânia em seu depoimento.

 

As negociações, porém, não deram certo. Segundo Livânia, o grupo do governador Ricardo Coutinho não tinha disponível o valor pedido pelo MDB. “Eles pensavam que tinha esses oito milhões juntos. Eu cheguei para o governador (Ricardo Coutinho) e disse que não tinha. Aí ele disse que o único dinheiro que tinha era R$ 500 mil. Aí o PMDB fez uma reunião e anunciou Vitalzinho como governador”, disse Livânia Farias.

 

O outro lado

O senador Veneziano Vital do Rêgo disse que ele e o seu irmão, o atual ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Vital do Rêgo Filho, jamais participaram de qualquer tipo de negociação para a indicação de Vital na chapa do ex-governador Ricardo Coutinho – em 2014. Ele lembrou que, naquela época, sempre defendeu que a legenda tivesse candidatura própria ao Governo do Estado. “Quinze dias antes da nossa convenção eu ainda tentava sair candidato”, lembrou Veneziano, acrescentando que “não faria nenhum sentido que Vitalzinho deixasse o Senado para ser candidato a vice-governador”.

 

Já o deputado Raniery Paulino também negou ter participado das supostas negociações relatadas por Livânia Farias. “Eu sempre defendi a candidatura própria em 2014. Tanto é que votei nulo no segundo turno, quando o partido apoiou Ricardo. A história registra isso”, observou.

 

O deputado estadual Nabor Wanderley disse ao Blog que ele e o seu filho, o deputado Hugo Motta, jamais participaram da suposta negociação. De igual modo, Trócolli Júnior e Manoel Júnior também negaram ter participado de qualquer discussão financeira citada por Livânia Farias. Manoel e Trócolli Júnior ainda lembraram que na época faziam oposição ao ex-governador Ricardo Coutinho e apoiaram o então candidato ao Governo, Cássio Cunha Lima, no segundo turno das eleições estaduais.

 

Lucélio Cartaxo (PV) disse que nem ele nem o irmão, o prefeito de João Pessoa Luciano Cartaxo (PV), também citados por Livânia no vídeo, jamais participaram da reunião relatada por ela. O blog não conseguiu contato com o diretório estadual do MDB.

 

Comentário nosso – Estas negociações de apoio sempre existiram. Envolvendo dinheiro para a campanha dos partidos aderentes ou cargos no caso de vitória. Isto acontece em nível federal, estadual e municipal. O problema no caso de dinheiro é de onde vai sair este dinheiro. O problema maior é se esse dinheiro saísse do propinoduto, de que trata a Operação Calvárioo. Porque até o dinheiro do Fundo Partidário tem sido utilizado para pagar apoios, como forma de ajuda aos partidos que participam da coligação. Se a compra de apoio é ética ou não, o eleitor é quem deve julgar. A escolha de um vice ou suplente de senador como se dá? Geralmente ou é alguém que tem votos ou alguém que tem dinheiro. O que termina sendo um “tome lá-dá-cá”. (LGLM)

Comentário

Category: Estaduais

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *