(Luiz Gonzaga Lima de Morais, publicado por Patos Online e Folha Patoense)
O que vamos dizer a seguir “explica mas não justifica” o modo de fazer política tão criticado por grande parte da população.
A críticas vêm de dois lados. Uns criticam os políticos, simplesmente, pelas promessas que lhes fizeram (de empregos principalmente) e não cumpriram. Outros criticam porque os políticos não cumprem as obrigações que tinham de representá-los bem ou administrar a coisa pública em benefício de toda a população.
Não podemos, a priori, condenar a todos os políticos como mal intencionados. Como em toda profissão ainda há muita gente boa na política. O que há de errado na política é a forma de muitos fazerem política. Assim como a forma de escolhermos os nossos políticos.
A forma ideal de escolher governantes e representantes seria por suas qualidades pessoais. Presidentes, governadores, prefeitos, senadores, deputados e vereadores deveriam ser escolhidos pela sua honestidade pessoal, pela sua capacidade profissional, pela sua independência pessoal, pela sua história de vida, pela sua disposição em servir à comunidade. Se fossem estes os critérios nós sempre teríamos políticos de boa qualidade.
Mas como é feita a maioria das escolhas? De uma forma perversa do preceito franciscano do “é dando que se recebe”. Os políticos distribuem dinheiro, prometem empregos e outros benefícios ao eleitor. O eleitor promete votar naquele candidato em troca do que este lhe ofereceu. Como resultado temos políticos que eleitos nunca cumprem integralmente o que prometeram. E, para recuperarem o dinheiro que investiram para serem eleitos, trabalham mais para si do que investem na administração. Isto cria um círculo vicioso. Eleitores viciados em votar em troca de vantagens, de um lado, e políticos viciados em procurarem tirar do mandato as vantagens com que recuperem o que investiram, do outro lado.
A única maneira de mudar esta situação seria o eleitor, consciente da importância do seu voto, procurar candidatos que ofereçam apenas trabalho em benefício da população como um todo e não o atendimento de alguns interesses particulares.
Uma das grandes demandas dos grupos políticos apoiadores (cabos eleitorais e financiadores) e dos eleitores comuns é a de empregos ou cargos públicos. Mas neste caso, o prefeito, governador ou presidente não pode atender a todo mundo, mas de qualquer maneira termina inchando a folha de pagamento do país, do estado e do município. O que termina prejudicando o atendimento das necessidades básicas da população: saúde, educação, transporte, lazer, previdência, assistência social e assim por diante.
Como emprego é uma necessidade sempre crescente, a única saída para os administradores é incentivarem de todas as formas a criação de empregos, criando todo tipo de facilidade para atraírem novas empresas para sua cidade, sua região ou seu estado. As novas empresas têm muito mais capacidade de absorverem mão-de-obra do que as já congestionadas administrações locais.
A solução seria o eleitor se contentar com as promessas de melhorar a administração pública, aplicando os recursos disponíveis e fiscalizando a maneira como o gestor administra a sua cidade. E, do outro lado, o político prometer apenas aquilo que pode fazer: administrar bem ou fiscalizar o administrador. No fim todos ganhariam.
Muitos podem me contestar dizendo: “Mas todos os políticos são desonestos!”. Nem todos. Mas, na maioria das vezes, os políticos procuram recuperar o que investiram para serem eleitos para o cargo. O que não deixa de ser desonestidade. A solução para isto é o eleitor não votar em troca de dinheiro ou outras vantagens. Isto iria desmascarar os políticos desonestos, que alegam, quando acusados de desonestidade, apenas estarem tentando recuperar o seu investimento. Nisto não haveria desonestidade de uma parte nem da outra. Nem do eleitor, nem do político.
Lembramos que o eleitor só é desonesto se aceitar a oferta da vantagem e votar no candidato em quem prometeu votar. Isto é que é crime eleitoral. Se não votar em que tentou comprar a sua consciência, não comete crime nenhum.
Se a política nacional não vai bem, a culpa é de todos nós que escolhemos os presidentes, os governadores, os prefeitos, os senadores, os deputados e os vereadores que nós temos.
E a única forma de mudar isto, é começarmos a mudar a nossa forma de escolher os governantes e os representantes nas nossas cidades. Primeiro, não aceitarmos vantagem e promessas e não votarmos em nenhum candidato que nos oferecer vantagem ou nos prometer benefícios pessoais. Em segundo lugar, escolhermos um prefeito e um vereador que esteja realmente preparado para a função a que se candidatou, que seja realmente honesto e que seja realmente independente para não ficar atendendo as ordens de ninguém.
Nós somos culpados pela existência dos maus políticos, na medida em que não os elegemos pela sua idoneidade e sua capacidade e sim porque são simpáticos, porque são amigos, porque nos pediram o voto, porque um amigo nos pediu, porque nos fez alguma promessa, porque nos deu ou prometeu alguma vantagem. Nós sempre teremos os políticos que merecemos.
Está na hora de mudarmos, não só de nomes, mas de qualidade dos políticos. Fazermos escolhas conscientes, de pessoas que pretendam realmente trabalhar por toda a comunidade, de empregar as pessoas de que realmente a administração precisa e que pretendam realmente trabalhar e não apenas embolsar os vencimentos no final do mês. Graças a Deus temos bons candidatos se apresentando em toda parte. É só saber escolher.
Candidato que lhe oferece vantagens pessoais está mal intencionado. Fuja dele. Tenha muito cuidado com os profissionais da política, sempre são mais do que tudo interesseiros. Procuram um meio de vida e não uma oportunidade de trabalhar pela comunidade.
Na hora de escolher, procure sempre saber o que o candidato já fez pela comunidade. Que serviços já prestou. Que funções já ocupou. Qual o conceito de que ele goza na comunidade. Que qualidades pessoais ele tem. Pode ser preto ou branco, rico ou pobre, bem preparado intelectualmente ou bem formado na escola da vida. Já tivemos vereadores de poucas letras, mas com vergonha na cara. E já elegemos vereadores formados que eram puxa-sacos e venais.
Nós somos responsáveis pela qualidade dos políticos que elegemos. Por isto, devemos escolher bem. E começar de baixo. Do nosso município. (LGLM)