STF pode anular condenações de Lula e se dividir sobre imparcialidade de Moro

By | 15/04/2021 11:17 am

STF julga caso Lula e deve se dividir sobre Moro

A expectativa de integrantes da Corte e da Procuradoria-Geral da República ouvidos pela reportagem é a de que o plenário do STF mantenha de pé o ponto da decisão do ministro Edson Fachin que tirou os casos contra o petista da Justiça Federal de Curitiba; suspeição do ex-juiz da Lava Jato deve dividir o tribunal

(Rafael Moraes Moura e Amanda Pupo, no Estadão)

O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) retoma nesta quinta-feira, 15, o julgamento sobre a decisão do ministro Edson Fachin, que anulou as condenações impostas pela Operação Lava Jato ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tornando o petista elegível. A expectativa de integrantes da Corte e da Procuradoria-Geral da República (PGR) ouvidos pela reportagem é a de que o plenário do STF mantenha de pé o ponto da decisão que tirou os casos da Justiça Federal de Curitiba e reabilitou Lula a disputar a eleição presidencial de 2022. A suspeição do ex-juiz federal Sérgio Moro, no entanto, deve dividir o tribunal, segundo apurou o Estadão.

Nesta quarta-feira, 14, na análise de uma questão preliminar, a maioria do STF decidiu que caberá aos 11 ministros do plenário analisar a situação de Lula, conforme havia sido determinado por Fachin. A defesa do ex-presidente insistia para que o processo fosse examinado pela Segunda Turma do STF, composta por cinco magistrados, onde o cenário é considerado mais favorável ao petista. Por 3 a 2, o colegiado decidiu, no mês passado, considerar Moro suspeito ao condenar Lula na ação do triplex do Guarujá.

“Não encontro na Constituição Federal a expressão ‘turmas do Supremo Tribunal Federal’, encontro ‘STF’. Não posso acreditar que, qualquer que seja o paciente, pode achar que vai ser prejudicado porque o julgamento será feito no plenário da Suprema Corte”, observou o ministro Alexandre de Moraes, ao acompanhar o entendimento da maioria.

Agora, os ministros do STF vão decidir se mantêm ou se derrubam, na íntegra ou parcialmente, todos os pontos levantados na decisão do relator da Lava Jato: a anulação das condenações de Lula no âmbito da operação; o envio dos processos (triplex do Guarujá, sítio de Atibaia, terreno do Instituto Lula e doações da Odebrecht ao mesmo instituto) à Justiça Federal do DF; e o arquivamento da suspeição de Moro.

Segundo o Estadão apurou, Fachin deve rejeitar os recursos da PGR e da defesa de Lula contra a sua polêmica decisão, assinada no mês passado. Na avaliação de Fachin, já que a condenação que Moro assinou contra Lula foi anulada, não há mais sentido em se discutir a atuação do ex-juiz no caso. “Se continuar no caminho de entender que há suspeição (do ex-juiz federal Sérgio Moro), a história da Lava Jato será a história do que aconteceu com as Mãos Limpas na Itália”, disse o ministro ao Estadão, no mês passado.

No entanto, mesmo depois da decisão de Fachin, a Segunda Turma decidiu concluir a discussão sobre a conduta de Moro ao condenar Lula por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na ação do triplex do Guarujá. Agora, o plenário vai decidir o que prevalece: a decisão individual do relator da Lava Jato (pelo arquivamento da suspeição) ou o julgamento da Segunda Turma (que declarou Moro parcial).

Nos cálculos feitos nos bastidores, os ministros Kassio Nunes Marques e o decano do STF, Marco Aurélio Mello, devem ter papel-chave na definição do placar sobre Moro. No mês passado, Nunes Marques votou pela continuidade do julgamento da suspeição do ex-juiz da Lava Jato na Segunda Turma, mesmo após a decisão de Fachin que determinou o arquivamento do caso. Marco Aurélio, por sua vez, afirmou estar “perplexo” com a decisão de Fachin a favor de Lula.

A suspeição de Moro é uma questão estratégica para o futuro da Lava Jato e das ações que investigam Lula. Na decisão que redesenhou o cenário eleitoral de 2022, Fachin permitiu ao novo juiz herdar os processos de todas as decisões tomadas por Curitiba, o que aceleraria o andamento dos casos. Com a suspeição de Moro, no entanto, esse reaproveitamento não será possível na ação do triplex do Guarujá, por exemplo, já que a parcialidade do ex-juiz teria contaminado todo o processo. O caso, então, pode voltar à estaca zero.

 

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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