(José Romildo de Sousa)
O jogador de futebol, principalmente aquele que atua na linha de frente, para se tornar ídolo da torcida precisa mostrar dentro do campo as qualidades inerentes a um grande craque: saber driblar, tabelar, cabecear, chutar com os dois pés e principalmente, ser um grande goleador. Enfim, saber também se posicionar dentro da área e ter uma boa visão do jogo. Ser realmente um craque fazedor de gol, um artilheiro consagrado.
Todos estes requisitos tinha o atleta Dissôr, que começou a jogar cedo, nos campos de peladas da cidade de Patos e se destacou a partir do momento em que ingressou no Nacional Atlético Clube, montando parceria com o colega Lulu, no tempo do Campo do Diocesano e depois no Estádio Municipal José Cavalcanti, sendo considerados a dupla de área mais destacada no futebol do sertão paraibano.
Adilson Brandão de Lucena, mais conhecido pelo nome de Dissôr, nasceu na cidade de Patos, Estado da Paraíba, em 21 de outubro de 1946. Era filho de Hermes Brandão Torres e Diva de Lucena Brandão, tendo como irmãos: Edimar, Edimarcos, Edilberto, Ednildo, Edna, Ednalda, Edvânia, Edilma e Elaine.
Casado com Lenira Guedes Brandão, no ano de 1969, deste enlace matrimonial nasceram os seguintes filhos: Lenilson Guedes Brandão, Edilson Brandão de Lucena Junior, Paulo Alexandres Guedes Brandão e Diva Adalya Guedes Brandão da Nóbrega.
Dissôr sempre demonstrou grande afinidade com a bola, característica que conservou durante todo o período que foi jogador de futebol.
Em 29 de novembro de 1964, quando da inauguração do atual Estádio Municipal José Cavalcanti, que aconteceu com as presenças do Governador Pedro Gondim, do Prefeito José Cavalcanti, Deputados e o Ministro José Américo de Almeida, foi ele o autor do primeiro gol naquele campo. Aliás, naquele festivo dia, Dissor marcou duas vezes e o seu time venceu o Esporte Clube de Patos, o seu maior rival pelo placar de 2 x 1.
Sobre esse jogo, o atacante Dissôr prestou o seguinte depoimento: “Tive uma vida de alegria e sucesso no futebol e agradeço a Deus pelos muitos momentos de glória na minha caminhada como atleta. Um dos melhores, senão o mais significativo foi a minha participação no jogo de inauguração do estádio José Cavalcanti, no clássico Nacional x Esporte, onde tive várias alegrias: ter participado desse momento histórico; ter vencido o Esporte pela primeira vez e ter marcado os gols da vitória”. E concluiu: “Para coroar a minha felicidade, o prefeito Zé Cavalcanti procurou-me no outro dia do jogo, me parabenizou e disse: “Fico muito feliz de ter sido um filho de Patos que marcou o primeiro gol no meu estádio, quando concluir vou colocar uma placa para marcar este momento”. Entretanto, esse reconhecimento tão esperado por Dissôr nunca chegou a acontecer. Ultimamente, algumas instituições patoenses estão se mobilizando no sentido de viabilizar a merecida homenagem.
O substancioso futebol de Dissôr logo ultrapassou fronteiras, em 1967 foi transferido para o Botafogo de João Pessoa, aonde brilhantemente atuou de 1967 a 1970, tornando-se um dos artilheiros e contribuindo de forma significativa no histórico tricampeonato do alvinegro da “Maravilha do Contorno”, ocorrido nos anos de 68, 69, 70.
Naquela época Dissôr foi sondado para jogar no Palmeiras e Fluminense; entretanto, optando pela estabilidade financeira, resolveu ingressar no Banco Industrial de Campina Grande, passando depois pelo Banco do Estado da Paraíba e. finalmente no Paraiban.
Edilson Brandão de Lucena, o Dissor, hoje aposentado, recorda com bastante saudade e alegria o fato de ter recebido as faixas de campeão paraibano, pelo Botafogo, em 1969, das mãos do Rei Pelé, em um dia inesquecível para a história do futebol paraibano.
Dentro deste contexto, a diretoria do Botafogo prestou, na noite do dia 30 de abril de 2014, mais uma homenagem ao ex-craque do clube, o ponta direita Dissor, que vestiu a camisa do alvinegro da estrela vermelha entre os anos de 1967 a 1970. A ação aconteceu no intervalo do jogo entre Botafogo e CSP, no Estádio José Américo de Almeida, em João Pessoa.
Das mãos do vice-presidente do Departamento Social, Francisco di Lorenzo Serpa, o ídolo do Belo recebeu um Diploma de Honra ao Mérito, enquanto o conselheiro Breno Moraes entregou a Comenda “Nininho – O Fiapo de Ouro”, e o vice-presidente do clube, Francisco de Assis, vestiu o ex-jogador com a camisa do time.
Em seguida, Dissor foi levado para a torcida e ovacionado pelos presentes, onde deixou registrado: “São muitas lembranças que vem à cabeça em um momento como este. Todas me dão muita saudade”.
A partir do ano de 2019, Dissôr passou a residir com a sua esposa em João Pessoa, capital do Estado da Paraíba.
Nossa opinião – Dissô foi dos craques da fase áurea do futebol de Patos, principalmente do Nacional, que vimos nascer à sombra do Colégio Diocesano de Patos com as bênçãos de Mons. Vieira, que apadrinhou o clube, acolheu no Colégio Estadual vários destes craques que ali se fizeram professores e inspetores de alunos. Num tempo em que poucas saias se viam no campo de futebol, a batina de Padre Vieira chamava a atenção. Dissô era um craque menino que a muitos de nós encantou. E muitos dos nossos garotos se espelharam nele e em outros iguais a ele, fazendo de Patos durante anos verdadeiro celeiro do nosso futebol. Eu o vi brilhar muitas vezes, nos campos de Patos, Campina Grande, Guarabira e João Pessoa, onde quer que o Nacional brilhasse nos estádios da Paraíba. E me orgulhava porque nas suas veias corre o sangue dos Torres da Lagoa de Favela. (LGLM)