(Patos Online, 29/02/2013)
O doutor Rivaldo Medeiros foi um dos mais polêmicos políticos que passaram pela história recente da cidade de Patos. Sem experiência política nenhuma, foi lançado candidato a prefeito de Patos, em 1982, pelo deputado Edivaldo Motta, comandante local de uma facção do PMDB, de quem era fiel correligionário. Na época, o PMDB disputou a eleição com duas legendas, sendo que Rivaldo era candidato pela ala comandada pelo deputado Edivaldo Motta, enquanto Adão Eulâmpio era candidato pelo PMDB oriundo do tradicional MDB, que se intitulava PMDB autêntico. Por conta da legislação da época os dois candidatos tinham um único candidato a vice-prefeito, o saudoso companheiro Virgílio Trindade, que terminou eleito, chegando a assumir durante licença do titular. Rivaldo e Adão somaram 11.651 votos, dos quais Rivaldo teve 7.351, com o que conseguiram suplantar o candidato do PDS, Dr. Carlos Candeia, que teve 9.667 votos. Climídia Nunes, do PT, teve 98 votos. Eleito prefeito, Rivaldo iniciou uma grande administração e terminou se empolgando com a política. Próximo a terminar o mandato, como não podia ser candidato à reeleição, Rivaldo resolveu lançar a candidatura de sua esposa Dra. Geralda Medeiros, aproveitando uma lei casuística que permitia a eleição de parentes que estivessem no exercício de mandato e Dra. Geralda era deputada estadual. Como Edivaldo Motta, comandante maior do PMDB, não concordou com a idéia, pois queria lançar o nome do seu irmão Edmilson Motta, prefeito anterior a Rivaldo, como candidato para um novo mandato. Rivaldo rompeu com Edivaldo e fundou o seu próprio partido a nível local, o Partido Liberal (PL), pelo qual elegeu Dra. Geralda para sucedê-lo nas eleições de 1988, derrotando Edmilson Motta e Geralda Medeiros do PT. Em 1990, Dr. Rivaldo se elegeu deputado federal, mas não conseguiu eleger seu filho Bertrand como deputado estadual. Na sucessão de Geralda em 1992, Rivaldo lançou o nome do seu sobrinho Dinaldo Wanderley que perdeu para o candidato peemedebista Ivânio Ramalho, só conseguindo se eleger prefeito em 1996, já concorrendo em faixa própria. Em 1994, Dr. Rivaldo foi novamente candidato a deputado federal, mas não obteve sucesso, como não obteve sucesso em eleições posteriores, quando não conseguiu eleger nenhum candidato a vereador cujo nome tenha apoiado.
Natural da cidade de Patos, filho de Godofredo da Cunha Medeiros e Mariana de Medeiros, Dr. Rivaldo Nóbrega Medeiros se formou em Medicina na Faculdade de Medicina da Bahia, tendo chegado a Patos para exercer a Medicina na metade da década de cinquenta, juntamente com alguns companheiros formados naquela época como Dr. Olavo, Dr. Geraldo e Dr. Alcides Candeia. Aqui revolucionaram a Medicina, juntamente com Dr. Artur Tavares, da geração mais antiga de que fizeram parte Dr. Lauro Queiroz e Dr. Oscar Vieira Cavalcante, entre outros. Daqueles quatro médicos (Rivaldo, Olavo, Geraldo e Alcides) o único que não ingressou na política foi Dr. Geraldo Carvalho. Dr. Olavo foi prefeito de Patos e disputou outras eleições sem sucesso, como outra vez para prefeito de Patos, uma para deputado federal e outra para senador. Dr. Alcides foi prefeito várias vezes na cidade de Quixaba, tendo realizado a maior administração da história daquela vizinha cidade.
Além de se dedicar à Medicina como clínico-geral, obstetra e cirurgião, Dr. Rivaldo, antes de ingressar na política, se dedicava à agropecuária, atividade que nunca abandonou, sendo um dos grandes proprietários rurais da região.
Como administrador de Patos, Dr. Rivaldo foi um grande realizador. Era considerado centralizador pois ele mesmo fiscalizava as obras e lia e assinava todos os empenhos autorizando pagamentos com o dinheiro da prefeitura. Ficou lendário pela pontualidade com que fazia os pagamentos, coisa rara até hoje. Foi uma espécie de primeiro ministro na administração de Dra. Geralda, quando foi criticado por se preocupar mais com a política do que com a administração. É acusado por seus críticos de ter inflacionado a política da região, investindo maciçamente na busca de votos. Entretanto, deixou muitas realizações na cidade, tanto na sua administração como na da Dra. Geralda Medeiros. Como deputado federal buscou carrear recursos para serem investidos na região.
Dr. Rivaldo Medeiros nasceu em Patos em 02 de dezembro de 1931, casou em primeiras núpcias com a Dra. Geralda Freire de Medeiros, uma cirurgiã-dentista baiana, formada na Universidade Federal do Paraná. Grande profissional, Dra. Geralda era muito querida pelos patoenses e se transformou numa espécie de “anjo da guarda” que abrandava Rivaldo Medeiros, em seus frequentes rompantes de impaciência, seja como profissional, seja como político. Ela era o “algodão-entre-cristais”. Sem ela Rivaldo talvez não tivesse obtido tanto sucesso político. Do casamento entre os dois nasceram cinco filhos: o antigo radialista, hoje empresário de comunicação, Bertrand Freire, funcionário público federal, que chegou a assumir durante algum tempo o mandato de deputado estadual, na condição de suplente; os médicos Denise (oftalmologista em João Pessoa) e Rivaldo Filho (radiologista em Campina Grande) e as cirurgiães dentistas Rivana e Deane (atuando na capital pernambucana). Com exceção de Bertrand, nenhum enveredou pela política.
Rivaldo teve dez irmãos: Adi (falecida em 1978); Waldeck (faleceu na infância); Adjalma Medeiros, minha professora no Coriolano de Medeiros (falecida em 1974); Francisca Diva (falecida em 1993); Haydeé (falecida em 2003), mãe do ex-prefeito Dinaldo Wanderley; Ada (falecida em 1981); Remígio (falecido em 1976), pai de Godofredo e Ivana; Evany (falecida na infância); Romildo (falecido em 1981) e dona Lourdes, a única viva dos irmãos.
Dr. Rivaldo era casado em segundas núpcias com Girlane Torres de Medeiros, que foi seu “anjo-da-guarda” até o final da vida. Esposa abnegada, companheira dedicada, enfermeira e motorista.
Internado no final da semana passada no Hospital São Francisco em Patos, o ex-prefeito e ex-deputado federal “apresentava um quadro de desidratação, além de tosse e secreção brônquica”, segundo os médicos que o atenderam. A família resolveu transferi-lo para o Hospital Português, em Recife, onde faleceu na segunda-feira, 28/01/2013, vítima de pneumonia. Ele sofria do Mal de Alzheimer há cerca de dois anos. O falecimento aconteceu no final da manhã da segunda-feira, tendo o corpo chegado a Patos à meia noite daquele dia, tendo sido levado para sua residência onde foi velado até a hora do sepultamento, no final da tarde da terça-feira. O corpo foi conduzido para o Cemitério de São Miguel com grande acompanhamento de autoridades, parentes, amigos e pessoas do povo. A Banda Música 26 de Julho acompanhou o féretro e o corpo foi levado até o cemitério num caminhão do Corpo de Bombeiros. Presença de muitos políticos de Patos e região, todos os atuais vereadores patoenses, o ex-prefeito Nabor Wanderley, vários secretários, mas foi notada a ausência da prefeita Francisca Motta.
Transmitimos daqui as nossas condolências a todos os familiares a quem não as apresentamos pessoalmente no velório e durante o sepultamento. Além da amizade pessoal a muitos dos familiares, Dr. Rivaldo foi durante muitos anos, ouvinte assíduo dos nossos programas Factorama e Revista da Semana.
Apesar de afastado da política há alguns anos e sujeito ao recolhimento forçado pela doença nos últimos dois anos, a cidade de Patos lhe deu uma demonstração de respeito e reconhecimento durante o seu sepultamento. Muita gente compareceu ao ato e muitos outros se postaram nas calçadas durante todo o trajeto de passagem do féretro, que foi alvo de aplausos em vários momentos. (LGLM)