(Análise de Josival Pereira, com comentário nosso)
Uma rodada de entrevistas do deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB) nestes dias na Paraíba parece indicar uma mudança ou ajuste de postura da família em relação às eleições de 2022 no Estado.
Coincidentemente, a presença de Pedro na imprensa ocorre num momento de retração do ex-prefeito Romero Rodrigues (PSD), que vinha se dizendo candidato a governador, mas, de repente, se viu denunciado pelo Ministério Público na Operação Calvário.
Não existe nenhuma decisão anunciada nem se pode atribuir juízo de valor à denúncia contra Romero. Mas não se pode negar, porém, que as declarações de Pedro podem ser sinais de que haveria alterações nos planos políticos da família Cunha Lima.
O parlamentar subiu o tom do discurso em relação ao governador João Azevedo, numa entrevista ao programa Correio Debate (rádio 98.3 FM). Não apenas lembrou sua condição de principal auxiliar e candidato do ex-governador Ricardo Coutinho como disse entender que Azevedo foi escolhido para ser o governador do esquema da Cruz Vermelha.
Repisando o assunto, avalia que não se pode separar o antes e o depois e que o que se deu no governo Ricardo Coutinho foi exatamente a construção do governo que existe hoje.
O tom do discurso de Pedro Cunha Lima parece ter o claro objetivo de puxar para a família o comando da oposição. Nenhuma outra força política no Estado estabelece campo e linhas tão nítidas de oposição. Nem mesmo o aliado Romero Rodrigues.
Na mesma perspectiva, Pedro se apresenta como candidato a governador, garantindo, inclusive, que consegue unir a família e os aliados mais tradicionais. Não ignorou Romero, mas também não deu muita importância ao seu projeto de ser candidato a governador.
Talvez Pedro nem seja o candidato a governador, mas, pelo visto, ele reapareceu para cumprir um papel, que é o de recuperar a liderança da oposição tradicional no Estado para o núcleo Cunha Lima. O resto vai depender da evolução dos acontecimentos.
Nossa opinião
Muito lúcida a análise do jornalista Josival Pereira. A oposição ter perdido protagonismo da região. O MDB que poderia encarnar a oposição, já está se oferecendo como aliado de João Azevedo e o ex-prefeito Romero Rodrigues sai maculado das acusações da Operação Calvário. Pedro, até pela juventude, talvez não tenha musculatura suficiente para uma candidatura majoritária, mas pode estar atraindo o pai para voltar ao protagonismo na política paraibana e aí, até como candidato a senador, Cássio Cunha Lima poderia alavancar o grupo e fazê-lo competitivo nas próximas eleições. (LGLM)