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By | 19/05/2021 8:38 am

TCU pode punir Pazuello por ‘omissões graves’ na pandemia

Tribunal retoma julgamento de auditoria que indicou falhas do ex-ministro da Saúde no combate ao coronavírus

Após conseguir adiar temporariamente seu depoimento, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello será interrogado pela CPI da Covid, nesta quarta-feira, 19, sob pressão dupla. Além do ímpeto dos opositores em cobrar do general explicações sobre incentivos a tratamentos não eficientes e sobre o atraso nas vacinas, no Tribunal de Contas da União (TCU) os ministros retomam o julgamento de autoria que já sinalizou “omissões graves” da gestão Pazuello no combate à pandemia. O relatório conta hoje com o apoio de quatro ministros. Eles tentam convencer mais um para que seja aprovado.

O relatório técnico em análise pelos ministros da Corte de Contas traz o mais duro diagnóstico acerca do trabalho do aliado do presidente Jair Bolsonaro à frente da pasta incumbida de liderar o enfrentamento à doença que matou mais de 437 mil pessoas no Brasil. O relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), chegou a classificar o documento como um bom “roteiro” para a comissão

‘Um manda, outro obedece’ de Pazuello coloca Bolsonaro no banco da CPI da Covid

A eventual aprovação do relatório, além de alimentar a CPI no Senado, poderá resultar em abertura de processo específico para apurar as condutas de Eduardo Pazuello, do ex-secretário-executivo da pasta Élcio Franco Filho, do secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos, Hélio Angotti Neto e do secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Correia de Medeiros.

Eduardo Pazuello
O ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello Foto: Dida Sampaio / Estadão

Como consequência, em processos desta natureza, o TCU pode definir a cobrança e multas, decretar a indisponibilidade de bens e proibir os investigados de exercerem cargos ou funções de confiança no serviço público.

Entre as constatações que vieram à tona pela área técnica do tribunal a de que ações tomadas pela gestão de Pazuello buscaram, ao invés de ampliar, retirar responsabilidades do governo federal sobre o gerenciamento de estoques de medicamentos, insumos e testes.

Em outra leitura, o ministério descumpriu determinações anteriores do TCU que apontavam para a falta de planejamento em diversas áreas. Para o tribunal, a maneira como Pazuello conduziu o ministério afetou a resposta do sistema de saúde ao novo coronavírus.

O relatório da auditoria prossegue apontando falhas na comunicação com a população sobre o vírus, na assistência farmacêutica prestada pelo ministério e na estratégia de testagem. “Surpreende que o Brasil tenha implantado como estratégia esperar que os cidadãos com sintomas procurem os serviços de saúde e realizem um teste de detecção da doença, sem estabelecer qualquer meta, ação ou objetivo de acordo com os resultados”, diz a área técnica.

Até o momento, dois ministros votaram pela aprovação da auditoria feita pela área técnica, Benjamin Zymler, o relator, e Bruno Dantas. Ambos fizeram duras considerações a respeito de Pazuello e indicaram a tendência de nova derrota do governo no tribunal.

“Em vez de expandir as ações para a assunção da centralidade da assistência farmacêutica e garantia de insumos necessários, o ministério excluiu, por meio de regulamento, as suas responsabilidades”, frisou Zymler. Dantas viu argumentos para “condenações severas” e disse que a gestão do ex-ministro “envergonha”.

Os ministros Augusto Nardes e Jorge Oliveira – indicado por Jair Bolsonaro para o cargo – pediram vista (mais tempo para apreciação do caso). O prazo chegou ao fim e volta à pauta hoje. O Estadão apurou que membros do TCU mais alinhados com o presidente da República costuram uma estratégia de reagir à abertura de processo contra Pazuello com abertura de investigações sobre repasses do governo federal a estados e municípios para o combate ao vírus.

Entre esses, prevalece um entendimento de que é fundamental trazer para o foco da fiscalização o caminho que o dinheiro da saúde percorreu ao sair de Brasília. A “roubalheira e os desvios” seriam mais danosos do que uma suposta inação do governo central, dizem. A estratégia tem paralelo com ampliação do escopo da CPI para apurações contra governadores e prefeitos.

Uma outra ala do plenário do TCU não concorda com a estratégia por interpretar que ela é uma manobra para aliviar a pressão sobre os aliados de Jair Bolsonaro e que abrir apurações sobre todo o dinheiro repassado a fundos de saúde, sem um recorte específico, seria um caminho moroso, que desvirtua os pontos centrais da auditoria sobre a gestão de Eduardo Pazuello.

A expectativa de autoridades que acompanham o caso é a de que o julgamento não chegue ao fim nesta semana e que novos pedidos de prazo adiem um pouco mais o desfecho.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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