João Ker, repórter de Metrópole
O Brasil identificou na última quinta-feira, 20, o primeiro caso confirmado de um paciente do coronavírus infectado pela cepa B.1.617, conhecida como “variante indiana”. O homem de 54 anos chegou ao País pelo Maranhão a bordo do navio MV Shandong da ZHI, após ter embarcado na África do Sul.
De acordo com o governador Flavio Dino (PCdoB), outros 14 tripulantes do navio foram diagnosticados com coronavírus, dos quais pelo menos seis também foram infectados pela variante indiana. Todos eles estão isolados em cabines individuais, mas nesta sexta-feira, 21, o governo do Ceará já afirmou também que monitora um caso suspeito de infecção pela mesma cepa em Fortaleza, em um paciente que teria retornado da Índia no último dia 9.
O Ministério da Saúde diz já ter “tomado medidas sanitárias” para evitar a propagação da cepa no País, por outro lado reconhece que esse “é um fenômeno biológico” e que “é preciso que tenhamos os cuidados”. Mas enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica a B.1.617 como “preocupação mundial” e especialistas são unânimes em frisar a importância do isolamento, do controle de viajantes e da ampliação de testes, o presidente Jair Bolsonaro continua seguindo na contramão da ciência.
Em visita ao Maranhão nesta sexta, ele voltou a provocar aglomerações em Açailândia, onde foi visto circulando sem máscara. Isso menos de 24 horas após sua live semanal, na qual reforçou mais uma vez seu apoio à cloroquina, remédio sem qualquer eficácia comprovada contra a covid, e que ele diz ter tomado de novo “há poucos dias” como medida preventiva.
Especialistas ouvidos pelo Estadão se mostram preocupados com a chegada da B.1.617 ao Brasil, mas afirmam também que ela sozinha não é capaz de causar um novo colapso hospitalar e sanitário no País – isso está nas mãos da população. “Não é exatamente a cepa que é devastadora e sim o comportamento humano”, afirmou Rodrigo Stabeli, diretor da Fiocruz em São Paulo, ao alertar exatamente para a importância do distanciamento e do uso de máscaras no combate a qualquer variante da covid.