Silvano responde a procedimento e corre risco de ser expulso da PM; ele comentou o caso
(Patos Online)
O policial e presidente da ONG Abolição Militar, Cabo Silvano Morais, está respondendo a um procedimento e terá de se defender contra a abertura de processo no Conselho de Disciplina da Polícia Militar da Paraíba, após conceder entrevista a um blog em Catingueira e falar sobre a falta de homens para fazerem a segurança pública na região.
A reportagem do Patosonline.com conversou com Silvano Morais, na noite desta quinta-feira (5), que explicou melhor a situação. Segundo ele, participou de uma audiência pública em Catingueira para falar sobre Segurança Pública na região do Vale do Piancó e concedeu uma entrevista, onde falou que as coisas iriam piorar por conta da falta de efetivos e, por isso, ele acabou sendo vítima de um procedimento disciplinar.
“Estou respondendo a um procedimento em nível de 3º Batalhão aqui, onde pediram um Conselho de Disciplina, que tem três caminhos: o primeiro, que ele seja arquivado, que é o que eu espero; o segundo caminho é uma reforma proporcional, que eu não aceito, tenho quase quatro anos ainda na corporação e não quero ser reformado; terceiro caminho é uma exclusão da corporação. Eu estou respondeu a este procedimento por ter concedido uma entrevista ao Blog do Jordan Bezerra, mas não desrespeitei ninguém, não desagradei a ninguém. Simplesmente eu conto o que está acontecendo com a segurança pública no estado da Paraíba. Está aí a sociedade, ninguém mais pode sentar em uma calçada, seja cidade pequena ou grande, moto sendo roubada todo dia, a criminalidade, pessoas sendo assassinadas. Fruto de uma segurança pública que tem uma carência de mais de 10 mil homens, e não sou eu quem diz isso, é a Lei complementar 87/2008, que diz que em 2010 o efetivo da PM era para ser de 17 mil 933 homens, hoje tem pouco mais de 8 mil. Isso é uma vergonha”, explicou Silvano.
Ele disse ainda que tem outro procedimento contra ele em andamento, desta vez sobre a sua participação em uma audiência pública. Segundo ele, não prejudicou ninguém e não faltou com a verdade, esteve participando como representante de uma ONG de quase 20 anos de existência.
“Também respondo a um procedimento na auditoria militar por ter participado de uma audiência pública em Catingueira para falar sobre segurança pública, sem desrespeitar ninguém. Aí por causa da entrevista na audiência, onde eu disse que iria piorar, e nos dias seguintes houve um assalto em Piancó onde colocaram um ônibus no meio da rua e causaram terror, mas já tínhamos falado que outras coisas iam acontecer, e aconteceram. Era isso que eu falava. Dizem que eu sou reincidente e abrem um Conselho de Disciplina, ou tem um pedido, mas só pelo fato de já ter um pedido, mostra a situação em que estamos. Quer dizer que o presidente de uma entidade de quase 20 anos não pode conceder uma entrevista?”, questionou Silvano.
O deputado estadual Cabo Gilberto saiu em defesa de Silvano Morais, nesta quinta (5). Segundo ele, o policial está sendo perseguido por expressar a opinião, um direito constitucional, e por defender e reivindicar os direitos dos PM’s. b
“O Cabo Silvano, presidente de uma Associação, está sendo perseguido simplesmente por exercer o seu direito constitucional de Liberdade de Expressão. O militar, com longos anos de serviços prestado à sociedade, vai responder a um Conselho de Disciplina, que poderá resultar em sua expulsão da corporação, simplesmente por dar uma entrevista como representante de uma associação”, lamentou o deputado.
Nossa opinião
- O cabo Silvano Morais, ao conceder uma entrevista ao Blog do Jordan Bezerra, falou a verdade quando lhe perguntaram sobre a situação da segurança pública no interior do Estado. Não culpou nenhum superior da corporação por isso. Apenas falou a verdade sobre a situação existente no Estado por conta da atual administração. Por falar a verdade pode vir a ser punido. Quer dizer que se tivesse mentido, que tudo estava ótimo, que estávamos morando no céu, ninguém o ameaçaria. Mas como falou a verdade estão-no ameaçando de um processo disciplinar. E, vale ressaltar, ele falou em nome de um associação de militares do qual é presidente há muitos anos. Não foi um desabafo solitário de um militar insatisfeito, foi um representante da comunidade, preocupado com o problema de segurança do Estado. Esperamos que a Gloriosa Polícia Militar da Paraíba não cometa uma injustiça contra esse valoroso militar que sempre honrou as suas fileiras. (LGLM)