Josival Pereira,
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, anunciou, nesta sexta-feira, que levará a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do voto impresso à votação em plenário. A PEC foi derrotada na Comissão Especial que analisava o assunto e poderia ser arquivada, mas vai continuar tramitando. O regimento prevê essa possibilidade.
Lira teria avisado ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que a intenção é enterrar a discussão sobre o voto impresso com uma derrota no plenário. A previsão é que a maioria dos parlamentares votaria contra. Talvez seja, de fato, a melhor solução. Não deixaria brechas para o presidente Jair Bolsonaro e seus aliados continuarem levantando controvérsias.
Há quem avalie, porém, que o presidente Arthur Lira quis, na verdade, agradar ao presidente. Talvez não consiga dizer não pelas dívidas políticas que acumulou para se tornar o presidente da Câmara dos Deputados.
Existe ainda uma terceira versão. É a de que manter a PEC do voto impresso viva seria a melhor forma para se tentar apaziguar os ânimos da crise institucional criada pelas ofensas do presidente a ministros do TSE e do STF e a reação do ministro Luiz Fux, suspendendo reunião entre representantes dos poderes da República. Buscar-se-ia solução negociada.
Talvez todas as versões sejam verdadeiras. Não são excludentes e se enquadram no perfil do centrão, força política representada pelo deputado Arthur Lira, e reúnem todos os requisitos de uma boa crise política em Brasília.
Mas existe também uma quarta possibilidade, que é a melhor que se encaixa no espírito do centrão. Um grande negócio. A PEC do voto impresso passa a ser agora a principal moeda de troca entre o governo e os parlamentares. Cada voto vai valer fortunas em emendas orçamentárias, cargos e outros benefícios governamentais. Como deixar passar uma oportunidade dessas?
O centrão não passa batido.
Nossa opinião
- Josival tem toda razão. O Centrão vai tentar faturar em cima do Governo, já que este é capaz de tudo da aprovar esta anomalia eleitoral. E isto pode resultar em vitória do voto impresso. (LGLM)