DEM, MDB e PSDB travam embate com bolsonarismo interno para consolidar 3ª via em 2022

By | 27/08/2021 12:15 pm

Líderes dizem que adesão de parte da bancada à PEC do voto impresso não deve ser régua para as eleições de 2022

Empenhados em construir uma terceira via competitiva para 2022, líderes de DEM, PSDB e MDB atuam para lidar com o “bolsonarismo interno” em suas bancadas e garantir musculatura à candidatura do grupo já na largada da campanha presidencial.

A votação da PEC (proposta de emenda à Constituição) do voto impresso, rejeitada pela Câmara dos Deputados em 10 de agosto, mostrou que uma parcela significativa dos parlamentares desses partidos – que orientaram voto contra a proposta– está alinhada a pautas do presidente Jair Bolsonaro.

A avaliação dos líderes dos partidos, contudo, é que o apoio à principal pauta do presidente não necessariamente se refletirá em apoios ou alianças eleitorais na corrida presidencial de 2022.

No DEM, a avaliação é que parte da bancada deve seguir alinhada a Bolsonaro pelo menos até o início do próximo ano. No PSDB, por sua vez, há uma pressão maior para que o desembarque aconteça o quanto antes, já que o partido começa a intensificar um discurso de oposição ao presidente.

Em geral, a avaliação é que os bolsonaristas convictos são minoria nesses partidos, sendo que parte deles tende a migrar para partidos da base do presidente na próxima janela eleitoral.

No caso específico da PEC, líderes destacam que parte dos deputados apoiou a pauta para não se desgastar com o governo e para não bater de frente com suas bases eleitorais mais conservadoras.

Presidente nacional do MDB, o deputado federal Baleia Rossi (SP) credita a adesão de parlamentares de centro à pauta do voto impresso a questões locais e à pressão de apoiadores do presidente.

“A gente sabe que muitos que votaram a favor do voto impresso não tinham essa convicção. Por questões locais de contraponto a algum outro grupo político, tiveram de votar. A milícia digital age de forma a assassinar o debate político. Só querendo impor uma posição”, afirmou.

De forma geral, o apoio ao voto impresso ganhou maior adesão entre deputados das regiões Sul, Norte e Centro-Oeste, sobretudo entre os parlamentares ruralistas, ligados ao setor produtivo ou a igrejas evangélicas.

Dos três partidos, o DEM é o que tem maior aproximação com o bolsonarismo e tem em seus quadros os ministros Onyx Lorenzoni (Emprego) e Tereza Cristina (Agricultura).

Entre os que votaram a favor da medida estão nomes próximos ao presidente, caso do deputado federal Sóstenes Cavalcante (RJ), que deve assumir o controle do diretório do partido no Rio de Janeiro após a expulsão do deputado Rodrigo Maia (RJ).

Também são alinhados ao presidente os deputados federais Marcos Soares (RJ) e David Soares (SP), filhos do pastor R. R. Soares, além de Alan Rick (AC) e Carlos Gaguim (TO).

No Senado, os senadores Chico Rodrigues (RR) e Marcos Rogério (RO) estão entre os aliados próximos a Bolsonaro. Pré-candidato ao governo de Rondônia, Rogério tem se destacado como um dos principais defensores do presidente na CPI da Covid.

Presidente nacional do DEM, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto afirma que a construção da candidatura própria tem apoio da maioria do partido, inclusive entre os parlamentares.

“Temos respeitado a posição dos parlamentares mais próximos ao governo. Mas isso não compromete a prioridade do partido que é construir uma candidatura própria para 2022, posição que tem apoio amplamente majoritário”, disse ACM Neto.

No PSDB, a adesão ao voto impresso chegou a 14 dos 31 deputados. Outros 12 votaram contra. Seis se ausentaram e Aécio Neves (MG) se absteve.

Internamente, a expectativa é que parlamentares mais alinhados ao presidente deixem o partido, migrando principalmente para legendas do centrão. Até lá, haverá maior pressão pelo posicionamento em prol da candidatura própria na medida em que avançar o processo das prévias, marcadas para novembro.

Após um jantar em apoio à sua pré-candidatura na última semana em Brasília, Doria admitiu que parte da bancada deve deixar o PSDB, mas disse ver o movimento com bons olhos.

“A decantação fortalece porque, se você interpretar a decantação como de fato ela é, ficarão os bons, ficarão aqueles que têm o espírito do PSDB e querem lutar pelo PSDB e, principalmente, lutar pelo Brasil”, disse o governador paulista.

Folha apurou que ao menos três deputadas federais estão de malas prontas: Edna Henrique (PB) já acertou sua migração para o Pros, Mara Rocha (AC) deve ir para o PSL e Rose Modesto (MS) está sendo cortejada pelo PP.

No MDB, o alinhamento em pautas apoiadas por Bolsonaro é mais sólido entre os ruralistas e deputados de viés bolsonarista como Lúcio Mosquini (RO) e Osmar Terra (RS). Na apreciação do voto impresso, 15 deputados votaram pelo voo impresso, 10 foram contra e 8 se ausentaram.

O partido também tem em seus quadros três senadores que ocupam posições de destaque na relação com o governo: Fernando Bezerra Coelho (PE), Eduardo Gomes (TO) e Márcio Bittar (AC).

Dos 15 deputados da legenda que votaram pelo voto impresso, 8 são da região Sul. Mas a expectativa é que esse alinhamento não permaneça na eleição —emedebistas e bolsonaristas devem estar em palanques opostos.

Em Santa Catarina, o senador Jorginho Mello (PL) e o governador Carlos Moisés (sem partido) disputam o posto de candidato de Bolsonaro. O MDB, por sua vez, terá candidato próprio e trabalha os nomes do senador Dario Berger e do prefeito de Jaraguá do Sul, Antídio Lunelli.

No Rio Grande do Sul, o MDB tem como possíveis candidatos o deputado estadual Gabriel Souza e o deputado federal Alceu Moreira. Este último votou a favor da PEC do voto impresso e costuma alinhar-se ao presidente em pautas ligadas ao agronegócio.

Contudo, o cenário local deve afastá-lo do presidente na campanha eleitoral. O MDB gaúcho ensaia uma aliança com o PSDB e deve enfrentar nas urnas bolsonaristas convictos: o senador Luiz Carlos Heinze (PP) ou o ministro Onyx Lorenzoni (DEM), ambos pré-candidatos ao governo.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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