Governo tenta dar guinada populista com novo auxílio, de olho em reeleição de Bolsonaro

By | 20/10/2021 6:56 am

Ao decidir turbinar o Auxílio Brasil com recursos fora do teto de gastos, governo provoca turbulência no mercado financeiro e enfrenta risco de sofrer baixas na equipe econômica; credibilidade das contas públicas também sai abalada

(Adriana Fernandes e Idiana Tomazelli, nO Estadão, em 20.out.2021)
Tudo pela reeleição em 2022. A decisão do presidente Jair Bolsonaro de dar uma guinada populista na economia para turbinar programas sociais e tentar se reeleger no ano que vem deflagrou uma espiral negativa no mercado financeiro e minou ainda mais a credibilidade do futuro das contas públicas.

Em baixa nas pesquisas, Bolsonaro resolveu bancar o Auxílio Brasil com benefício de R$ 400, bem acima do auxílio emergencial de R$ 250 do pico da pandemia.

Jair Bolsonaro
De olho na reeleição, Bolsonaro criou nova tensão com a equipe econômica e azedou o humor do mercado. Foto: Joédson Alves/Efe – 19/10/2021

O valor surpreendeu porque o presidente já havia aceitado a proposta do ministro da EconomiaPaulo Guedes, de R$ 300. O arranjo final acertado prevê R$ 90 bilhões em benefícios sociais (Auxílio Brasil e parcelas temporárias).

Como o auxílio mais robusto não cabia no Orçamento de 2022, o presidente deu sinal verde para o furo no teto de gastos, a principal âncora de controle das contas públicas.

O remendado teto foi dado como morto ontem, depois que o Estadão/Broadcast revelou o plano eleitoral do governo para turbinar o programa social. Dos R$ 400 do benefício, pelo menos R$ 100 vão escapar das regras fiscais.

O martelo foi batido numa reunião que começou no fim da tarde de segunda e durou mais de quatro horas, com Bolsonaro, Guedes e ministros da ala política, além do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho do presidente.

O clima foi tenso, com uma miscelânea de propostas e alertas da equipe econômica sobre os riscos desse caminho, com alta de preços, dos juros e do dólar. Piora que pode se voltar em 2022 contra o próprio presidente e os próprios beneficiários do programa, que terão os R$ 400 corroídos pela inflação. Bolsonaro ignorou os avisos. “Eu assumo os riscos”, disse, em tom duro, segundo relatos obtidos pelo Estadão. Porém, diante das reações, o evento de lançamento do programa foi adiado.

Vencida pelo grupo político, a equipe econômica, contrária a furar o teto, pode sofrer baixa. O secretário Especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, pode ser o primeiro a deixar o cargo depois que for enviada mensagem do governo modificando o Orçamento de 2022. Os críticos do governo alardearam que se trata do maior programa de compra de votos da história do País.

Veja como ficaria o Auxílio Brasil:

  • Parcela permanente:

É o atual Bolsa Família, com tíquete médio de R$ 194,45.

  • Parcelas temporárias (extras, até dez/2022):

Uma de R$ 100, a partir de novembro, e outra média de R$ 100, mas variável por beneficiário conforme a renda, a partir de dezembro.

  • Próximos passos:

Medida provisória para a parcela temporária fixa e inclusão na PEC dos precatórios de autorização para deixar fora do teto a variável.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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