Depois de TSE e MP, Congresso mira o Itamaraty. Sem contar a Polícia Federal…

By | 26/10/2021 8:00 am

Nos três primeiros casos, legislando cinicamente em causa própria

Assim como a Câmara meteu a mão na Justiça Eleitoral e depois no Ministério Público, o Senado mira num novo alvo: a diplomacia brasileira. Nos três casos, legislando cinicamente em causa própria.

Ex-presidente do Senado e atual da poderosa CCJ, o senador Davi Alcolumbre bloqueia há mais de cem dias a sabatina de André Mendonça para o Supremo e agora batalha por mais uma boquinha – ou bocona – para políticos. Para ele próprio?

Congresso nacional
Congresso Nacional.  Foto: Dida Sampaio/Estadão

Não é preciso ser diplomata de carreira para assumir embaixadas, missões e delegações permanentes no exterior, mas, desde a Constituição de 1937, deputados e senadores têm de optar: mandato ou embaixada. Alcolumbre apresentou uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para que apenas se licenciem. Um pé lá fora, outro no Congresso e optam pelo mais conveniente – ou lucrativo.

Se aprovada a PEC de Alcolumbre, o Centrão vai meter a faca no pescoço de Bolsonaro e dos próximos presidentes por uma vaguinha em Paris, Londres, Lisboa… A diplomacia será uma bela moeda de troca e dane-se a política externa! “Uma tristeza! Um ataque ao Itamaraty e um desestímulo a todos os diplomatas”, reage o chanceler mais longevo, Celso Amorim.

Hoje, embaixador tem de ter o mínimo de 35 anos, serviços prestados, indicação do presidente e sabatina no Senado. No segundo governo Lula, todos os embaixadores eram de carreira. No de Dilma, só não eram os de Iraque e Coreia do Norte. No de Bolsonaro, só um não é, o general Gerson Menandro, em Israel – fora tentar meter em Washington o próprio filho, Eduardo Bolsonaro, e na África do Sul o ex-prefeito Marcelo Crivella. Senado e país africano se fizeram de desentendidos.

Essa é só mais uma ameaça do Congresso. O Código Eleitoral aprovado na Câmara retira poderes do TSE para, assim como quem não quer nada, os partidos fiscalizarem as próprias campanhas. O Senado escondeu o código e a Câmara engatou uma segunda com a PEC que infiltra políticos no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) e dá justamente a corregedoria para um deles. Se o MP investiga os políticos, os políticos intervêm no MP.

A PEC, porém, foi derrotada no plenário e o presidente da Câmara, Arthur Lira, avisou: “O jogo só acaba quando termina”. Ué! E não terminou? Como o texto derrotado foi um substitutivo, ele estuda reativar o projeto original, muito pior.

Que se cuidem a Justiça Eleitoral, o Ministério Público, o Itamaraty e… a Polícia Federal, onde a política entrou com tudo! O Centrão já é insaciável, mas fica ainda mais quando se alia à esquerda e devora o coração, ou a alma, do governo.

Nossa opinião

  • Deputados propuseram uma “quarentena” para juízes, pes e militares. Por que não criam uma “quarentena” para todos os parlamentares mesmos, proibindo que possam assumir cargos antes de um tempo fora do mandato? (LGLM)

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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