Mensalão do PT em 2005 não passou de trocado, se comparado com o esquema do orçamento secreto para reeleger Bolsonaro
O crime coletivo é mais difícil de ser punido. Em 2001, o Congresso aprovou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que parcelava o pagamento dos precatórios. Nove anos depois, o Supremo Tribunal Federal julgou que precatórios não podem ser parcelados, tem que ser pagos de imediato. Adiantou?
Um presidente que se elegeu prometendo combater a corrupção, e que fez do juiz que comandava a Operação Lava Jato, Sérgio Moro, seu ministro da Justiça. Moro despiu-se da toga com a desculpa de que continuaria o combate a partir de uma posição privilegiada. Demitiu-se ao descobrir que fora enganado.
“Os políticos não pararam de roubar, só pararam de ter vergonha de roubar”, disse em 2017 à Folha de S. Paulo Piercamillo Davigo, ex-procurador da Operação Mãos Limpas. No início dos anos 80, já dizia Ulysses Guimarães, presidente do MDB: “O mais bobo dos deputados conserta relógio suíço usando luvas de boxe”.
A PEC aprovada pela Câmara em primeira votação acena com o pagamento do Auxílio Brasil de 400 reais mensais aos brasileiros mais pobres, vítimas da Covid. O que o governo dará com uma mão e somente até dezembro do próximo ano, tomará com a outra via inflação em alta, juros em alta e dólar em alta.
Dinheiro não cai do céu. Os pobres sempre pagam a maior fatia da conta. A PEC limita pagamentos de precatórios a 44,5 bilhões no ano que vem. Com isso, o governo teria um espaço no orçamento de 44,5 bilhões para outros gastos. A PEC também altera a correção da Lei do Teto de Gastos. Seriam mais 47 bilhões.
As duas manobras renderão ao governo algo como 90 bilhões. O Auxílio Brasil, programa que substituirá o Bolsa Família, custará cerca de 50 bilhões. Parte do que sobrar será empregada na construção de obras em redutos eleitorais dos políticos que apoiam Bolsonaro, e a outra parte no que o governo quiser. Que tal?
Nossa opinião
- A venalidade dos nossos parlamentares não é novidade para ninguém. Eles só pensam em ganhar dinheiro de alguma maneira. Afinal, como é que um parlamentar gasta entre cinco e dez milhões de reais para se eleger, para cada mandato, se durante quatro anos de mandato recebe apenas um milhão e meio de vencimentos? E quando não reelege, tira de onde? Todo mundo sabe que nas verbas que destina aos seus redutos eleitorais, sempre fica uma parte para eles. Por isso a ganância deles por estas verbas. Os prefeitos viram cabos eleitorais e eles ainda levam um “por fora”. As empresas que vão executar obras ou vender equipamentos já separam entre 10 e 20% de comissão para o parlamentar, senão nunca mais ganham uma licitação. (LGLM)