Sua obra retrata episódios históricos do sertão em habilidades literárias
Manoel Otaviano de Moura Lima nasceu na zona rural de Conceição (PB), nas adjacências que hoje compõe o município de Ibiara (PB), no dia 27.04.1880, e faleceu em na cidade de Piancó, em 11.04.1960.
Sua origem modesta, foi evidenciada em suas obras literárias, o homem que se tornou um dos maiores intelectuais de sua época, e só conseguiu iniciar aos vinte anos de idade o curso secundário, no Seminário da Paraíba, sendo alfabetizado por sua mãe.
Ordenou-se padre no ano de 25.12.1910 no Seminário de Teresina, capital do Estado do Piauí, retornando à Paraíba a fim de exercer o ministério sacerdotal; foi designado Vigário de Brejo do Cruz, indo, em seguida, para as cidades de Catolé do Rocha, Conceição e Piancó, todas situadas no sertão da Paraíba. Reconhecido pelo seu dinamismo, conciliava as atividades clericais, a política e o magistério.
Se destacou escrevendo em jornais do Estado, suas crônicas apresentavam o sertão e suas características mais marcantes, acentuadas em suas habilidades literárias.
Publicou romances e peças teatrais que eram encenadas em teatros da Paraíba. Na política atuou como deputado estadual na 1ª República. Era sócio da Academia Paraibana de Letras, onde tomou posse a 25 de agosto de 1945 para ocupar a Cadeira nº. 29, cujo Patrono é José Rodrigues de Carvalho, sendo saudado pelo acadêmico Horácio de Almeida.
Deixou uma produção literária pequena, porém de valor cultural imensurável, sua obra de maior importância foi o trabalho sobre a morte do Padre Aristides, em um período político turbulento em todo o país com a Coluna Prestes, intitulado Os Mártires de Piancó.
Obras como Emboscada do destino (romance); O chefe político; Curvas do destino; Frente ao passado; Mestre mundo e Tomaz Cajueiro apresentaram ao Brasil um talento ainda pouco explorado pela literatura nacional.
Uma de suas características era a sua preocupação com a preservação memorial do sertão, sendo responsável pela documentação histórica da cidade de Piancó, quando foi designado para presidir a Paróquia de Conceição(PB)publicou a obra “Conceição e Ibiara”, anos mais tarde se torna membro do Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba.
Poeta, pertenceu à escola dos versos sentidos e ninguém mais do que ele festejou em estrofes os encantos e as belezas do nosso sertão que ele amava extremamente.
A notícia do seu falecimento repercutiu entre parlamentares no Senado da República, na capital federal, durante cerimônia de homenagem póstuma, Salviano Leite Rolim do PSD da Paraíba, destacou a sua importância política, aparteado pelo Senador Argemiro de Figueiredo que pontuou a necessidade de se registrar nos anais da Casa Legislativa, o legado intelectual do Padre Manoel Otaviano.
Nossa opinião
- Figura muito simples, conheci-o pessoalmente, durante férias que passei em 1958, na condição de seminarista, na casa paroquial de Piancó, onde na época era vigário o meu primo Padre Luiz Laíres da Nóbrega. Cheguei a “ajudar” várias missas do Padre Otaviano que era conhecido pela rapidez da celebração, chegando a “rezar” uma missa em dezessete minutos, aí incluída a distribuição da comunhão. Padre Otaviano tinha familiares em Patos, na familia Kehrle, pois era tio da saudosa dona Eunice Kehrle, que morou na rua dos Dezoito da minha infância e depois na Praça João Pessoa, ao lado do Colégio Diocesano. (LGLM).