A decisão do STF vai impedir muitas manobras de Bolsonaro e do Centrão

By | 10/11/2021 7:01 pm

Por 8 votos a 2, STF suspende emendas do orçamento secreto

O presidente da Corte Suprema, Luiz Fux, e o ministro Dias Toffoli registraram votos favoráveis à liminar de Rosa Weber nesta quarta-feira

 

Vinícius Santa Rosa/Metrópoles

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, e o ministro Dias Toffoli registraram votos favoráveis à liminar da ministra Rosa Weber que suspende de forma integral e imediata as emendas de relator-geral (RP9), conhecidas como orçamento secreto.

Dois ministros — Nunes Marques e Gilmar Mendes — divergiram da relatora das ações da Suprema Corte, ministra Rosa Weber. Por outro lado, sete ministros acompanharam a magistrada e formaram maioria para suspender o orçamento paralelo e dar publicidade às indicações de parlamentares.

Os ministros do STF que acompanharam Rosa Weber foram Luís Roberto Barroso, Cármen Lúcia, Edson Fachin, Ricardo Lewandowski, Alexandre de Moraes, Luiz Fux e Dias Toffoli.

O julgamento, que começou nesta terça-feira (9/11) no plenário virtual da Suprema Corte, se dá no âmbito das Arguições de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPFs) 854, 851 e 850, impetradas pelos partidos PSol, PSB e Cidadania, respectivamente.

No voto, publicado hoje, Nunes Marques assegurou ser inaceitável que o Poder Judiciário venha a interferir no processo político de alocação de recursos.

“Ora, o acolhimento do pleito, nesses termos, poderia ocasionar grave risco à execução das políticas públicas em todo o país, sendo capaz de gerar verdadeiro caos nas mais diversas áreas, desde saúde (mormente em situação de pandemia como a atual) e educação, até infraestrutura, em todos os níveis de governo”, alegou o ministro do STF.

Ele explicou, porém, que isso não significa dizer, por outro lado, que o procedimento adotado pelo Congresso Nacional quanto ao controle das chamadas “emendas de relator” não possa vir a ser aperfeiçoado, sobretudo nos quesitos transparência e publicidade.

O dispositivo tem sido usado pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para favorecer parlamentares que votam junto ao governo.

“Caráter obscuro”

No voto, a relatora Rosa Weber aponta um “caráter obscuro” do atual modelo do orçamento paralelo.

A magistrada explica que as emendas de relator operam com base na lógica da ocultação dos congressistas requerentes da despesa. Isso acontece porque todo o montante é atribuído ao relator-geral do orçamento. Ou seja, não é possível saber quais parlamentares realmente pediram a destinação do dinheiro.

“O relator-geral desonera-se da observância do dever de atender os mandamentos da isonomia e da impessoalidade ao atribuir a si próprio a autoria das emendas orçamentárias, ocultando , dessa forma, a identidade dos efetivos requerentes das despesas, em relação aos quais recai o manto da imperscrutabilidade”, afirma Weber.

“A utilização de emendas orçamentárias como forma de cooptação de apoio político pelo Poder Executivo, além de afrontar o princípio da igualdade, na medida em que privilegia certos congressistas em detrimento de outros, põe em risco o sistema democrático mesmo”, assegurou, por sua vez, Cármen Lúcia.

“Esse comportamento compromete a representação legítima, escorreita e digna, desvirtua os processos e os fins da escolha democrática dos eleitos, afasta do público o interesse buscado e cega ao olhar escrutinador do povo o gasto dos recursos que deveriam ser dirigidos ao atendimento das carências e aspirações legítimas da nação”, prosseguiu a magistrada, ao acompanhar a relatora.

Nossa opinião

  • Com a distribuição não identificada de verbas do chamado orçamento secreto, ninguém sabia quem estava sendo “comprado” por Bolsonaro, o que facilitava que ele manobrasse os parlamentares que bem quisesse.  Comprando-os para que votassem os projetos de interesse dele ou comprando-os para que não abrissem processo de impeachment contra ele, comprando apoio eleitoral mais na frente e assim por diante. O cancelamento desta facilidade vai dificultar muitas manobras do Presidente e dos próprios parlamentares, por isso a revolta deles com a decisão do STF. Prometem uma guerra por isso e já estudam maneiras de driblar a vigilância do STF. (LGLM)

 

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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