O fim do orçamento secreto é o que mais apavora o governo federal

By | 10/11/2021 8:49 am
O jogo só acaba quando o juiz apita. Antigamente, ele apitava aos 45 minutos do segundo tempo, agora não, pode até passar dos 50. O VAR nada tem a ver com o tempo, só o juiz.

A oposição ao governo celebra a formação de maioria de votos no Supremo Tribunal Federal para suspender o pagamento de emendas parlamentares com base no Orçamento Secreto da União.

Entenda-se por orçamento secreto a fatia do Orçamento da União administrada diretamente pelo presidente da Câmara de comum acordo com o presidente da República.

O juiz está longe de apitar o fim do jogo nos dois campos. No Congresso, o Senado ainda terá de votar a PEC. Se fizer ajustes no texto, a Câmara será obrigada a votar de novo.

No Supremo, onde o orçamento secreto perde de goleada, o julgamento só terminará às 23h59m de hoje. Quem já votou pode mudar seu voto. Um só ministro pode interromper o julgamento.

Kássio Nunes Marques, que Bolsonaro chama de seu ministro, espera instruções. Contra o Orçamento Secreto já sabe que não é para votar. Pode pedir vista do processo e suspender a sessão.
No momento, o Supremo dispõe de 10 ministros e uma vaga a ser preenchida, nem tão cedo será. Relatora do caso do Orçamento Secreto, Rosa Weber marcou o primeiro gol – contra o governo.

No início da noite de ontem, o placar estava 6 x 0 quando votou Gilmar Mendes para restabelecer o pagamento de emendas parlamentares e acabar com o segredo em torno delas.

Gilmar tenta construir uma espécie de terceira via. Concorda com Rosa que o governo não pode pagar emendas às escondidas sem revelar seu valor, nome do destinatário e obra a ser construída.

Rosa mandou que o Congresso, em um prazo de 30 dias, publique todas as informações referentes a pagamentos secretos feitos do ano passado para cá. Foi muito, muito dinheiro.

Mas Gilmar discorda da decisão de Rosa de suspender o pagamento das emendas. O governo assumiu compromissos com a construção de obras em redutos eleitorais dos parlamentares.

Só às vésperas da votação em primeiro turno na Câmara da PEC do calote, o governo prometeu liberar quase 1 bilhão de reais para deputados que votassem como ele queria.

Transparência no pagamento de emendas, como deseja a maioria dos ministros do Supremo, pode desarrumar a base de apoio do governo no Congresso. Certamente irá desarrumar.

Um deputado, um voto. Um senador, um voto. Com transparência, se verá que não é assim. Que o governo paga mais caro pelo voto de uns, e mais barato pelo voto de outros. Haverá revide.

De resto, tenebrosas transações serão descobertas, e logo a menos de um ano de novas eleições. Pode pegar fogo no circo.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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