Falsas soluções de um governo acuado

By | 12/11/2021 4:42 am

Responsável pela disparada do dólar, que pressiona o preço dos combustíveis, governo fala em ‘colchão tributário’

A alta dos combustíveis, que assombra o cidadão comum por causa de seu forte impacto sobre a inflação, parece assustar ainda mais o presidente Jair Bolsonaro. O problema preocupa Bolsonaro pois a inflação, acompanhada de baixo crescimento e de desemprego alto, coloca em risco seu principal projeto político, o de manter-se no cargo por mais um mandato. Não se espere, porém, que, negando seu currículo político e administrativo, desta vez ele faça o que precisa ser feito. O presidente e seus principais responsáveis continuarão a transferir culpas a terceiros e a buscar algo com que possam iludir o público.

A tentativa mais recente do governo de mostrar uma preocupação que nunca teve com a situação da população e da economia é a sugestão de criação de um “colchão tributário” – como o designou o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, em audiência no Senado – para conter a alta dos preços dos combustíveis pagos pelos consumidores. Outros membros do governo já falaram em “fundo de amortecimento” e “fundo de estabilização”.

A ideia é, na essência, a mesma: a criação, com recursos tributários, de um fundo que permita a compensação parcial do impacto de fatores externos e da alta do dólar no preço da gasolina, do diesel e outros derivados.

Não há grande novidade nisso, como não há na insistência com que Bolsonaro tenta culpar a Petrobras pelos sucessivos reajustes dos combustíveis. A medida admitida pelo governo já foi empregada para outros preços e tarifas, no Brasil e em outros países.

Consomem-se recursos do contribuinte – ou de outra fonte de dinheiro público – em fundos de administração geralmente pouco transparente e de resultados modestos, quando algum é alcançado. Se houver alguma redução no preço final do combustível, será depois da vírgula, isto é, nos centavos.

Não se poderia esperar muito mais de um governo que, quando chamado a decidir diante de emergências ou mesmo de problemas menos graves, mostrou incompetência, insensibilidade e irresponsabilidade.

Bolsonaro e seus auxiliares nada farão para conter a disparada do dólar, cuja cotação é impulsionada pela desconfiança generalizada com relação à maneira errática como seu governo vem agindo nos campos econômico e político. E o dólar sobe no momento em que o petróleo e seus derivados alcançam seus preços mais altos em muitos anos no mercado mundial.

Na audiência no Senado, o ministro Bento Albuquerque citou alguns números que mostram a mudança no mercado mundial de petróleo. Em janeiro do ano passado, segundo ele, o barril estava a US$ 66; agora está quase 30% mais caro, cotado a US$ 84. Já o dólar, segundo dados do ministro, teve alta de quase 39% nesse período. Por ser-lhe conveniente, Albuquerque não disse que o dólar ficou muito mais caro em real do que em outras moedas – e essa discrepância tem causa conhecida, que são os desmandos do governo Bolsonaro. A combinação de fatores externos e desgoverno tem custo alto. Só em 2021, a gasolina já subiu mais de 40% para o consumidor brasileiro.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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