Guedes admite que economia vai desacelerar diante de alta dos juros

By | 12/11/2021 7:05 am

Ministro defende que recuo é normal em cenário de aperto monetário para combater a inflação 

(Marcela Ayres   e  Victor Borges,  na Folha, em 11/11/2021, seguido de comentário nosso)

O ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu que a economia irá desacelerar, mas afirmou que isso é “normal” num contexto em que os juros básicos vão subir “um pouco” no combate à inflação.

Guedes disse que a inflação vai surgir com força nos Estados Unidos, o que fará com que bancos centrais do mundo inteiro, incluindo o brasileiro, passem aperto.

“Todo mundo vai ter que recuar, só que acho que Brasil tem dinâmica de investimentos, como se fosse a curva em S, investimento real disparando, então os juros vão subir, porque nós estamos freando, estamos desacelerando um pouco o crescimento”, disse nesta quinta (11) ao participar da conferência Itaú Macro Vision, organizada pelo Itaú Unibanco.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, durante coletiva de imprensa na tarde de hoje, na sede do ministério – Pedro Ladeira – 22.out.2021/Folhapress

Guedes afirmou ainda que há “muita paixão” na avaliação de que a PEC (proposta de emenda à Constituição) dos Precatórios é um calote, defendendo que ela “evidentemente não é” e destacando que o governo está bastante esperançoso após sua aprovação em dois turnos na Câmara dos Deputados.

A PEC dá calote em dívidas judiciais da União e se tornou prioridade do Executivo para garantir o pagamento do Auxílio Brasil de R$ 400 de dezembro até o final de 2022, ano em que Bolsonaro deve disputar a reeleição, além de abrir espaço para outros gastos federais. Pela proposta, cerca de R$ 90 bilhões devem ser liberados para despesas no próximo ano.

“A primeira grande vantagem é que [a PEC] torna Orçamento exequível. A segunda grande vantagem, mais importante ainda, é que isso se estende para todo futuro previsível, ou seja, não vai haver mais sustos nos precatórios”, afirmou ele.

Questionado sobre a agenda do governo à frente, o ministro defendeu o esforço de se aprovar a PEC do Calote no Senado ainda em 2022.

“Eu faria uma reforma administrativa agora na Câmara, tentaria aprovar Precatórios no Senado este ano ainda. O ano que vem temos Correios, temos Eletrobras, isso aí não tem problema nenhum você fazer em janeiro, fevereiro, março. O que você tem que aprovar agora são os programas sociais porque você tem que entrar rodando este ano, você não pode criar em ano eleitoral”, afirmou.

Guedes defendeu que a PEC, em seu desenho final, revê o teto, empurrando para dentro do mecanismo uma série de despesas que a princípio ficariam de fora da regra que limita o crescimento anual de gastos públicos, como as relacionadas à vacinação.

“Você sabe que a aceleração da inflação levava espaço discricionário nosso. Nós íamos ter uma compressão do espaço discricionário que nenhum governo teve. Agora nós vamos manter o mesmo espaço discricionário que nós tínhamos antes, então não houve um abuso”, acrescentou ele.

O ministro também afirmou que o governo tentará aprovar a reforma administrativa até o final do ano e que pede apoio nessa frente após acenar positivamente à prorrogação da desoneração sobre a folha de pagamento de alguns setores.

Mais cedo, Bolsonaro anunciou que o governo vai manter a desoneração da folha de pagamento de 17 setores, como têxtil, construção e comunicação, por mais dois anos, até o final de 2023.

a de reoneração, evidente que estamos do lado que quer desonerar, mas pedimos apoio em contrapartida [na reforma administrativa], que aí temos R$ 30 bilhões por ano de redução de despesa que mais do que compensam R$ 8,5 bilhões da não reoneração”, afirmou ele.

O ministro defendeu ainda que o fiscal brasileiro continua “muito forte” e avaliou que estados e municípios estão com finanças bem melhoradas porque o governo travou despesas, como as relacionadas à folha de pagamento do funcionalismo.

“Estamos seguindo nosso programa original”, disse ele.

Guedes afirmou ainda que houve conversa informal no governo sobre a privatização da Petrobras, citando ideia de as ações da petroleira detidas pelo BNDES irem para um fundo de erradicação da pobreza.

“Um banco de desenvolvimento carregando ação da Petrobras, isso é só para engordar carteira e nós pagarmos uma boa taxa de administração para quem está trabalhando no banco público”, disse.

Ele voltou a mencionar a ideia de levar a estatal para o segmento do Novo Mercado na Bolsa, argumentando que isso faria os papéis da empresa sofrerem valorização.

“Bota um fundo de erradicação da pobreza que já existe e está lá, bota umas ações da Petrobras aí dentro, que o BNDES tem, por exemplo. Diz que você vai para o Novo Mercado, você cria em três, quatro semanas R$ 150 bilhões de riqueza nova que não existia simplesmente pela arbitragem de sair de gestão pública para a gestão privada”, afirmou.

“Na hora que você fizer um movimento como esse, você criou valor”, defendeu.

Na véspera, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a falar sobre a privatização da Petrobras, chamando a petroleira de “monstrengo” que, segundo ele, trabalha para que seus acionistas não tenham prejuízos.

Mais cedo neste mês, a Petrobras informou que o Ministério da Economia havia encaminhado comunicação à empresa afirmando que não havia estudos para a privatização da empresa, após Bolsonaro ter feito diversas declarações sobre o tema.

Nossa opinião

  • É muita “cara de pau” do ministro Paulo Guedes. Sabe que a alta de juros provoca inflação e faz a economia andar para trás e fica estimulando políticas que provocam o aumento da taxa de juros. Com isso, beneficia Bolsonaro e o povo que se dane! (LGLM)

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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