Ministro defende que recuo é normal em cenário de aperto monetário para combater a inflação
Guedes disse que a inflação vai surgir com força nos Estados Unidos, o que fará com que bancos centrais do mundo inteiro, incluindo o brasileiro, passem aperto.
“Todo mundo vai ter que recuar, só que acho que Brasil tem dinâmica de investimentos, como se fosse a curva em S, investimento real disparando, então os juros vão subir, porque nós estamos freando, estamos desacelerando um pouco o crescimento”, disse nesta quinta (11) ao participar da conferência Itaú Macro Vision, organizada pelo Itaú Unibanco.
Guedes afirmou ainda que há “muita paixão” na avaliação de que a PEC (proposta de emenda à Constituição) dos Precatórios é um calote, defendendo que ela “evidentemente não é” e destacando que o governo está bastante esperançoso após sua aprovação em dois turnos na Câmara dos Deputados.
“A primeira grande vantagem é que [a PEC] torna Orçamento exequível. A segunda grande vantagem, mais importante ainda, é que isso se estende para todo futuro previsível, ou seja, não vai haver mais sustos nos precatórios”, afirmou ele.
Questionado sobre a agenda do governo à frente, o ministro defendeu o esforço de se aprovar a PEC do Calote no Senado ainda em 2022.
“Eu faria uma reforma administrativa agora na Câmara, tentaria aprovar Precatórios no Senado este ano ainda. O ano que vem temos Correios, temos Eletrobras, isso aí não tem problema nenhum você fazer em janeiro, fevereiro, março. O que você tem que aprovar agora são os programas sociais porque você tem que entrar rodando este ano, você não pode criar em ano eleitoral”, afirmou.
Guedes defendeu que a PEC, em seu desenho final, revê o teto, empurrando para dentro do mecanismo uma série de despesas que a princípio ficariam de fora da regra que limita o crescimento anual de gastos públicos, como as relacionadas à vacinação.
“Você sabe que a aceleração da inflação levava espaço discricionário nosso. Nós íamos ter uma compressão do espaço discricionário que nenhum governo teve. Agora nós vamos manter o mesmo espaço discricionário que nós tínhamos antes, então não houve um abuso”, acrescentou ele.
O ministro também afirmou que o governo tentará aprovar a reforma administrativa até o final do ano e que pede apoio nessa frente após acenar positivamente à prorrogação da desoneração sobre a folha de pagamento de alguns setores.
Mais cedo, Bolsonaro anunciou que o governo vai manter a desoneração da folha de pagamento de 17 setores, como têxtil, construção e comunicação, por mais dois anos, até o final de 2023.
a de reoneração, evidente que estamos do lado que quer desonerar, mas pedimos apoio em contrapartida [na reforma administrativa], que aí temos R$ 30 bilhões por ano de redução de despesa que mais do que compensam R$ 8,5 bilhões da não reoneração”, afirmou ele.
O ministro defendeu ainda que o fiscal brasileiro continua “muito forte” e avaliou que estados e municípios estão com finanças bem melhoradas porque o governo travou despesas, como as relacionadas à folha de pagamento do funcionalismo.
“Estamos seguindo nosso programa original”, disse ele.
Guedes afirmou ainda que houve conversa informal no governo sobre a privatização da Petrobras, citando ideia de as ações da petroleira detidas pelo BNDES irem para um fundo de erradicação da pobreza.
“Um banco de desenvolvimento carregando ação da Petrobras, isso é só para engordar carteira e nós pagarmos uma boa taxa de administração para quem está trabalhando no banco público”, disse.
Ele voltou a mencionar a ideia de levar a estatal para o segmento do Novo Mercado na Bolsa, argumentando que isso faria os papéis da empresa sofrerem valorização.
“Bota um fundo de erradicação da pobreza que já existe e está lá, bota umas ações da Petrobras aí dentro, que o BNDES tem, por exemplo. Diz que você vai para o Novo Mercado, você cria em três, quatro semanas R$ 150 bilhões de riqueza nova que não existia simplesmente pela arbitragem de sair de gestão pública para a gestão privada”, afirmou.
“Na hora que você fizer um movimento como esse, você criou valor”, defendeu.
Na véspera, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a falar sobre a privatização da Petrobras, chamando a petroleira de “monstrengo” que, segundo ele, trabalha para que seus acionistas não tenham prejuízos.
Mais cedo neste mês, a Petrobras informou que o Ministério da Economia havia encaminhado comunicação à empresa afirmando que não havia estudos para a privatização da empresa, após Bolsonaro ter feito diversas declarações sobre o tema.
Nossa opinião
- É muita “cara de pau” do ministro Paulo Guedes. Sabe que a alta de juros provoca inflação e faz a economia andar para trás e fica estimulando políticas que provocam o aumento da taxa de juros. Com isso, beneficia Bolsonaro e o povo que se dane! (LGLM)