O ‘liberal’ Moro quer os náufragos de PT, PSDB e Bolsonaro

By | 19/11/2021 8:02 am

Ex-juiz usa a Lava Jato para atrair milhões de eleitores que ainda dão prioridade ao combate à corrupçã

Durante décadas o PT usou o combate à corrupção, à fome e à pobreza como sua grande bandeira e o presidente Jair Bolsonaro se elegeu em 2018 com um falso personagem a favor do liberalismo econômico e contra a corrupção, a “velha política”, o “sistema”.

Lula foi condenado e preso, Bolsonaro se enrolou com rachadinhas e entregou a alma do governo ao Centrão, a Lava Jato foi enterrada sem choro nem vela e o combate à corrupção saiu de moda, da pauta, do discurso político e das manchetes.

É exatamente nesse vácuo que entra o ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro na eleição de 2022. Pelo óbvio: apesar de todos os solavancos da Lava Jato, grande parte do eleitorado não esqueceu e Moro continua sendo um ícone do combate à corrupção.

Sérgio Moro
Sérgio Moro durante ato de filiação ao Podemos, em Brasília; ex-juiz busca ser o nome da terceira via Foto: Dida Sampaio/Estadão

Em suas “intensas trocas de mensagens” pelas madrugadas com Valdemar Costa Neto, Bolsonaro reclama que o PL é aliado de vários dos seus adversários nos Estados. Já em público, ele tenta dourar a pílula, dizendo que ele e Costa Neto querem é “acertar o discurso” sobre as pautas conservadoras, internacionais e de defesa.

Afora o fato de que Bolsonaro não entende bulhufas de política externa e de defesa, o curioso é não incluir corrupção entre as pautas. Seria bem interessante uma “intensa troca de mensagens” sobre corrupção entre ele e Costa Neto, preso no mensalão e investigado na Lava Jato.

Do outro lado, o ex-presidente Lula provocou um contraste gritante entre seu próprio giro internacional e as viagens de Bolsonaro, mas também não toca mais, nem quer ouvir falar, em combate à corrupção.

Bolsonaro foi a Nova York com uma comitiva enorme, comeu pizza (não Pisa…) na rua e defendeu cloroquina na ONU, sem nenhum encontro bilateral relevante. Depois, ignorou a COP-26 e passou vexame no G20. Não sabia nada sobre os líderes e os temas. Nem apareceu para a foto oficial.

E, enquanto Bolsonaro desfilava pelos Emirados Árabes, Lula discursou no Parlamento Europeu, conversou com Emmanuel Macron, da França, Olaf Sholz, substituto de Angela Merkel na Alemanha, e o ex-primeiro-ministro da Espanha José Luiz Zapatero. Hoje se encontra com o atual, Pedro Sanchez. Fala de fome, miséria e avanço da direita internacional, sem um A sobre corrupção.

Assim, Moro constrói uma imagem de liberal na política e na economia (com Affonso Celso Pastore), mas usa a Lava Jato para atrair milhões de eleitores que ainda dão prioridade ao combate à corrupção. Aliás, como boa parte dos militares. Não foi à toa que o general Hamilton Mourão disse que Moro é o “principal candidato da terceira via”.

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Category: Nacionais

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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