Pedreira relata que enfrenta preconceito e machismo para exercer sua profissão na cidade de Patos

Em um mundo dominado por homens, a pedreira Alcione Alves Lourenço da Silva, de 35 anos, mostra sua habilidade na construção civil e buscou cada vez mais cursos profissionalizantes para reafirmar o caminho que queria seguir. Ela começou a trabalhar aos 13 anos de idade, se apaixonou pelo ofício e hoje é uma pedreira caprichosa, porém, desempregada diante do preconceito e do machismo presente na sociedade.

Alcione Alves concedeu entrevista na manhã desta quarta-feira, dia 24, em sua residência no Conjunto Batuel Palmeira, por trás do SESI, no Bairro Salgadinho, em Patos. A pedreira mora com os seus dois filhos na casa em que ela mesma reformou do piso ao teto. Bastante comunicativa, decidida e confiante, Alcione comentou que tem feito pequenos serviços na construção civil, porém, apenas de forma temporária.

A pedreira relatou que começou a fazer serviços na casa de sua família quando era ainda uma criança entrando na adolescência. Reboco, paredes erguidas, pintura, rede hidráulica e uma vontade de aprender cada vez mais. Em 2018, mesmo já exercendo a profissão de forma habilidosa, a pedreira se inscreveu em um curso promovido pelo SENAC, em Patos. Ela foi aprovada com maestria.

Muitas pessoas viram uma postagem de Alcione Alves por sua rede social e depois em grupos de Facebook da região. Ele relatou que fez a postagem para divulgar sua profissão e para mostrar que tem a capacidade de trabalhar como pedreira, mas precisa de oportunidade.

Alcione disse que enfrenta preconceito e machismo para exercer sua profissão, mas segue reafirmando que gosta de exercer sua profissão e é dela de onde vem o sustento de sua família. A pedreira tem feito serviços nas casas de amigos e todos aprovam seu capricho na construção civil. “Hoje em dia as pessoas tem que ver a igualdade. Se eu posso executar o meu trabalho, eu acho que as pessoas têm que me dar mais oportunidade para ver, realmente, até onde eu posso chegar com isso”, desabafou Alcione.

O contato com Alcione Alves para trabalho é o (83) 9 9883 8834. Instagram @alcione_pedreira

OUÇA entrevista com Alcione Alves:

Nossa opinião

Este preconceito dentro da atividade, talvez ocorra, como em quase todas as categorias, por machismo. As mulheres têm se mostrado mais competentes em quase tudo o que fazem e isto gera um medo de que elas passem a ocupar o espaço desfrutado tradicionalmente pelos homens. Eu me lembro quando as primeiras mulheres entraram no Banco do Brasil já uns cinquenta anos atrás como eram encaradas, não só pelos companheiros, como até pelos clientes. Isto aconteceu em quase todas ss profissões. Para muitos ,mulheres só serviam como enfermeiras, professoras ou domésticas. Hoje estão presentes em todas as profissões. Na construção civil há uma certa ciumada por que elas estão invadindo determinadas especialidades. Elas são melhores e mais caprichosas, por exemplo, na aplicação de cerâmica e na execução de determinados detalhe.  E uma pedreira bonita, numa obra vai provocar ciúmes nas esposas dos outros pedreiros. Mas a sua competência e seriedade vai terminar se impondo, como já vem acontecendo nas cidades maiores.  (LGLM)