‘Governistas só pensam em embalar a eleição com a PEC’

By | 25/11/2021 8:12 am

Hora de melhorar o Auxílio Brasil é agora, mas governistas só pensam em embalar a eleição com a PEC

Benefícios pouco eficazes ou com muitos erros de focalização, como o abono salarial e o seguro defeso, são corrigidos pela inflação, mas o Bolsa Família, que é o mais bem focalizado entre as políticas de transferência, não tem essa mesma reposição

Imagem Adriana FernandesO programa Bolsa Família sempre foi o único benefício da seguridade social sem proteção contra a perda do poder de compra pela alta da inflação. O mais bem focalizado entre as políticas públicas de transferência de renda aos mais pobres, e o único sem nenhuma espécie de garantia de recomposição da inflação.

Benefícios claramente pouco eficazes ou com muitos erros de focalização, como o abono salarial e o seguro defeso, são atrelados ao salário mínimo, sobre o qual a Constituição garante a correção todos os anos pela inflação do ano anterior.

Senado Federal
Plenário do Senado Federal, em Brasília; relator havia concordado em colocar reajuste do Auxílio pela inflação, mas retirou a medida após pedidos de Guedes e Lira Foto: Dida Sampaio/Estadão

O deputado Marcelo Aro (Progressistas), relator da MP que cria o Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família, tinha topado atender a uma demanda histórica da área social e colocou no seu relatório a correção automática do benefício pela inflação e proibição da filas.

O presidente da Câmara, Arthur Lira, cobrou a retirada da mudança em reunião com líderes. O ministro Paulo Guedes chegou a lhe pedir diretamente que não colocasse a indexação. Aro retirou do relatório, mas manteve apoio em acordo para ficar com a determinação de fila zero e as outras mudanças do parecer na votação da MP na Câmara.

Sem dúvida, a correção era uma medida polêmica, porque a indexação amarra o Orçamento do governo, já comprometido com 90% de despesas obrigatórias e com pouco espaço para os investimentos.

Como o teto de gastos e as principais regras fiscais, como a LRF, estão desmanchando na votação da PEC dos Precatórios, a correção automática do Auxílio, que valeria a partir de 2023, levaria a uma discussão séria e efetiva sobre mudanças estruturais nos gastos obrigatórios, que o governo Bolsonaro e o Congresso não quiseram enfrentar em 2020 e nem 2021.

Poderia ser uma excelente oportunidade para o enfrentamento dessa agenda no primeiro ano do próximo governo. É mais importante olhar para os programas ruins, como o abono salarial, do que tirar da fração mais pobre.

Foi desconcertante acompanhar o pouco ou quase nenhum empenho dos parlamentares, incluindo os da oposição, no debate no Congresso do desenho do Auxílio.

A hora de mudança para melhorar a estrutura do Auxílio Brasil é agora nesta quinta-feira. Mas os deputados governistas só pensam na PEC dos Precatórios para embalar a eleição de 2022 e a oposição, em atravancar o caminho do governo. É claro, tudo com o discurso em defesa dos mais pobres. Que ao menos a fila zero seja mantida na votação final da MP na Câmara.

* REPÓRTER ESPECIAL DE ECONOMIA EM BRASÍLIA

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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