Investigado pelo Supremo Tribunal Federal por disseminar notícias falsas e instigar atos antidemocráticos, o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos fugiu do Brasil com medo de ser preso e refugiou-se nos Estados Unidos, em local incerto, sob a proteção de segmentos extremistas da direita americana.
Estranho que tenha escapado quando já era procurado pela Polícia Federal. Contou para isso com a ajuda do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o filho Zero Três do presidente da República. Mais estranho o empenho do governo para que não se cumpra sua extradição ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes.
A delegada Sílvia Amélia, ex-diretora do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional, revelou que o secretário nacional de Justiça, Vicente Santini, amigo do clã Bolsonaro, lhe disse que a falta de informação sobre o caso causou desconforto ao ministro Anderson Torres, da Justiça.
Envolvidas no processo de extradição, Silvia Amélia e Georgia Sanchez Diogo, chefe da Assessoria Internacional do ministério, acabaram exoneradas por pressão direta do Palácio do Planalto. Santini determinou que a partir de agora todos os pedidos de extradição devem ser submetidos ao seu crivo.
Cabe perguntar qual o motivo do tratamento especial concedido pelo governo ao blogueiro fujão. Não pode ser só porque ele é amigo da primeira família presidencial brasileira. Outros amigos já foram abandonados por ela desde que viraram um incômodo. Servidores fiéis também, assim como aliados de ocasião.
O deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) foi preso, e o governo não moveu um dedo para libertá-lo.
Bolsonaro limitou-se a comentar depois que ele foi solto: “Doeu no meu coração ver um colega preso. O que fazer? Queriam que eu tomasse medidas extremas?”. Roberto Jefferson, presidente do PTB, segue preso.
Allan dos Santos é um sujeito estourado. Já posou para fotos dando o dedo diante do prédio do Supremo. Que segredos ele guarda para merecer tanta consideração? A propósito: quem pagou as despesas de internação em uma clínica de São Paulo do autoproclamado filósofo Olavo de Carvalho, guru dos Bolsonaros?