O que existe por trás da onda de violência de Patos

By | 05/01/2022 7:03 pm

 

(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado)

 

lgmoraisuolcombrA onda de violência que tem preocupado a população de Patos nos últimos dias tem sido atribuída à briga entre facções existentes na cidade. Antes se falava em duas facções: Estados Unidos e Alkaida. As duas facções, segundo alguns dividiam a cidade, sendo que a rua da Baixa seria o limite entre as duas. Nos últimos dias, teria surgido uma divergência, o que aumenta ainda o risco, pois seria uma terceira facção.

Segundo as versões, as diversas facções estariam por trás do tráfico de drogas da cidade e a briga das facções refletiria uma disputa por território entre os diversos traficantes. Não sabemos até que ponto esta leitura é verdadeira.

O que sabemos é que há violência em Patos, há tráfico de drogas e há facções. A violência seria devida à disputa de território de tráfico e às cobranças por falta de prestação de contas entre traficantes e a falta de pagamento de dívidas por parte de consumidores inadimplentes.

Nos últimos dias, com as promessas de providências, temos ouvido apelo de autoridades para que a população dê informações que levem a policia a descobrir quem está por trás dos atos violentos que têm sido cometidos com frequência nesta virada de ano, tornando ainda mais preocupante o clima de violência que se vivia.

As autoridades franqueiam números de telefones para que as pessoas lhe passem as informações, garantindo absoluto sigilo da fonte. A garantia de sigilo da fonte é um reconhecimento da polícia de que a população na confia nela, o que não devia acontecer num país civilizado, como nos arvoramos de ser.

Mas o apelo das autoridades, ao mesmo tempo, é um reconhecimento da própria policia de que o seu serviço de inteligência é ineficiente ou não confiável, Nos crimes comuns, os investigadores têm sido eficientes em apurar os crimes e em apontar culpados, levando ao julgamento judicial. Por que nos crimes ligados às drogas o serviço de inteligência não funciona?

Como diz a sabedoria popular, “quem mora na aldeia, conhece os seus caboclos”. Se as pessoas comuns sabem quem são os traficantes dos seus bairros, “quem são os donos do pedaço”, por que só a polícia ignora estas informações? Por que o tráfico continua a prosperar numa cidade pequena como Patos, onde todo mundo sabe a ocupação um dos outros, conhece os parentes e amigos, sabe quem “pula a cerca”, quem é viciado em cachaça, quem é velhaco, quem bate na mulher, quem frequenta a igreja, e. quando se precisa de uma informação de segurança, ninguém sabe de nada?.

Quem faz imprensa, vive recebendo denúncias de todo o tipo. E, apesar de não morarmos em Patos, vivemos recebendo informações as mais diversas, tanto no dia a dia, como nas idas mensais à cidade.

E muita gente tem me perguntado, nos últimos tempos. “Se eu sei quem são os traficantes do meu bairro, se todo mundo sabe quem manda em cada território do tráfico, por que só a polícia não sabe? Ou, se sabe, por que não toma as providências?” Afinal, policiais militares e civis são pessoas comuns, que vivem no meio de nós, será que eles não sabem o que todos sabem?

E outro dia, um amigo me relatou que procurou uma autoridade policial militar, seu amigo de infância, e passou todas as informações sobre os traficantes de seu bairro, sobre a movimento de tráfico no bairro e até hoje não soube de nenhuma providência tomada.

Por isso nossa estranheza com o que acontece por trás da violência na cidade de Patos.

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Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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