Lula mira redes sociais para atrair evangélicos, e Bolsonaro busca fidelizar igrejas

By | 07/01/2022 3:59 pm

Segmento religioso é visto por rivais como foco de batalha nas eleições de 2022

Julia Chaib e Marianna Holanda, em

A pouco menos de dez meses das eleições presidenciais, aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do presidente Jair Bolsonaro (PL) elegeram os evangélicos como um dos principais focos de disputa.

Cada lado, porém, usará métodos diferentes para tentar ampliar a vantagem nesse eleitorado. Segundo petistas, o partido quer atrair esse segmento pela base, por meio do discurso voltado para a economia.

Já Bolsonaro, de acordo com aliados, mira a cúpula das igrejas em busca de fidelizá-las com o apelo da pauta de costumes.

LULA X BOLSONARO
Lula e Bolsonaro – Marlene Bergamo/Folhapress e Adriano Machado/Reuters

Segundo dados da pesquisa Datafolha divulgada em 16 de dezembro, 39% dos evangélicos votariam em Lula contra 33% de Bolsonaro no primeiro turno. No segundo turno, há empate técnico: 46% dos religiosos declaram intenção de eleger o petista, enquanto 44% escolheriam Bolsonaro.

Ainda que seja católico, Bolsonaro conta com a simpatia da cúpula das principais denominações do segmento. A indicação recente do ex-AGU André Mendonça para o STF (Supremo Tribunal Federal) foi uma promessa aos evangélicos.

Bolsonaro não retirou o nome do pastor apesar da resistência no Senado e até dentro do governo. Diante da pressão dos evangélicos, foi alertado do estrago que isso poderia causar com eles.

Para Bolsonaro, é importante fidelizar essa parcela do eleitorado, uma vez que representa aproximadamente um terço da população.

Em outra frente, dirigentes petistas avaliam que o grupo é relevante por representar segmentos que o partido visa atingir. Os evangélicos, segundo pesquisas analisadas pelo PT, são predominantemente pobres, negros e mulheres, em tese, o “público-alvo” do PT, em quem Lula mirou e teria de novo a intenção de beneficiar em programas sociais. Daí a relevância dessa faixa da população para os petistas.

Segundo aliados do ex-presidente, a ideia do PT é focar a base e chegar aos evangélicos na ponta, sem passar por pastores de grandes congregações que os lideram.

Os petistas têm um grupo setorial coordenado pela deputada Benedita da Silva (PT-RJ), que passará a ter espaço na programação da TV PT em 2022.

O objetivo é atingir essa população por meio das redes sociais e o trabalho corpo a corpo nas periferias.

Para isso, o PT planeja criar centenas de comitês populares para fazer brigadas digitais e pequenos comícios.

O discurso também será diferente daquele do atual mandatário. No lugar de focar na pauta de costumes, o PT quer convencer o evangélico a votar em Lula por meio do discurso da economia e da esperança.

A ideia é pedir para que as pessoas relembrem da vida no governo do PT. A briga, dizem dirigentes do partido, é política, não religiosa.

Além disso, intensificou a participação em eventos de grandes denominações com plateia de pastores e fiéis.

No caso do PT, a ideia de avançar sobre evangélicos se mistura com a estratégia de angariar votos nas regiões.

Petistas ouvidos pela Folha dizem que pesquisas mostram que há grande predominância dos religiosos nas periferias de grandes cidades, sobretudo no Centro-Oeste.

A região é, segundo o Datafolha, onde Lula e Bolsonaro têm a menor diferença de intenção de votos.

O petista tem 41% das intenções no Centro-Oeste e o atual presidente, 32%. A briga promete ser forte no local.

Além disso, as regiões Sul-Sudeste também são palco de disputa acirrada entre ambos os presidenciáveis por concentrarem o maior eleitorado do país. No caso de Lula, são áreas onde ele registra os piores índices eleitorais e poderia avançar.

O petista já começou a concentrar esforços em uma das localidades em que registra o pior desempenho ao lado do Centro-Oeste, segundo pesquisas de opinião: o Sul.

De acordo com o Datafolha, Lula tem 41% de intenções de voto por lá contra 26% de Bolsonaro.

Nos últimos meses, ele deu uma série de entrevistas a rádios e veículos da região.

O desempenho piora em Santa Catarina, afirmam dirigentes petistas, que analisaram pesquisas internas.

No dia 15 de dezembro, Lula deu entrevista à Rádio Blumenau, especificamente no estado onde trava forte batalha com o presidente do turno. Antes, no final de novembro, o ex-presidente falou com a Rádio Gaúcha.

Por outro lado, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse à Folha que o PT está mais focado no discurso nacional do que em priorizar uma região ou outra.

“Não estamos trabalhando com lógica de priorização de regiões, mas com o que vamos defender, que tem a centralidade na economia popular. Temos que gerar emprego, ter renda para o povo ter um estado indutor do desenvolvimento. E isso serve para todas as regiões, a centralidade e a prioridade é essa”, afirmou Gleisi.

Aliados do presidente se mostram confiantes com o voto no Centro-Oeste, no Sul e no Sudeste. A expectativa de interlocutores de Bolsonaro é que ele reedite, de certa forma, o que fez em 2018, ganhando nessas regiões para compensar o Nordeste.

Ainda que o governo tenha apresentado Bolsa Família reformulado com valor do tíquete mais alto (R$ 400), sob a alcunha de Auxílio Brasil, a expectativa é de que o programa apenas reduza a vantagem de Lula na região.

Nem auxiliares palacianos nem dirigentes partidários do centrão dizem acreditar que o presidente conseguirá votos no Nordeste com a medida, ainda que seja uma das principais bandeiras de campanha de Bolsonaro.

A estratégia desenhada até o momento tem sido focar esforços especialmente nos maiores colégios eleitorais, Minas Gerais e São Paulo. A leitura é de que é possível se reeleger se ele conseguir empatar nestes dois estados e diminuir a margem no Nordeste.

Bolsonaro quer lançar Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) em São Paulo. Ainda que ele nunca tenha concorrido a um cargo, tem se mostrado competitivo em pesquisas de intenção de voto e aliados acreditam que há potencial para crescer.

No último Datafolha, Lula aparece liderando nas intenções de voto. Em uma simulação de segundo turno entre os dois, o petista pontua 59% contra 30% de Bolsonaro.

O presidente ironizou o resultado da pesquisa em 17 de dezembro, no cercadinho do Palácio da Alvorada, a apoiadores. “Tem que ter Datapovo aí”, afirmou.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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