É uma provocação barata e desnecessária do presidente Jair Bolsonaro sair de um hospital de São Paulo e no mesmo dia pegar outro voo para ir a um jogo de futebol de cantores sertanejos em Goiás. Dos jet skis, das férias do Natal, das férias do ano-novo e da nova obstrução direto para a campanha eleitoral. Governar, que é bom, necas.
E que tal mandar interromper as férias do seu médico no Caribe para em seguida cair num jogo de futebol, enquanto inundações e enchentes da Bahia se estendem por Maranhão, Tocantins, Paraná, Minas e a própria Santa Catarina das férias presidenciais, ameaçando a vida, as casas e os bens de milhares de brasileiros?
Enquanto isso, também, a Ômicron já matou o primeiro brasileiro, em Goiás, e a covid corre solta mundo afora e acende o sinal vermelho no Rio, São Paulo, Minas, Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Sul, além do DF, onde o número de casos deu um salto de 900% do Natal aos primeiros dias de 2022.
Como os brasileiros não deram ouvidos a Bolsonaro e se vacinaram, a contaminação é alta e o índice de mortes, baixo. Tudo isso, porém, está embolado com gripe comum, dengue, até a “flurona”, contaminação por covid e influenza, que confunde a população, atordoa os médicos, pressiona o sistema de saúde.
E o ministro da Saúde? Levou três semanas para se manifestar sobre a autorização da Anvisa para vacinar crianças de 5 a 11 anos. E que manifestação! No conteúdo: menos de 4 milhões de doses para 20 milhões de crianças em janeiro, e as aulas começam em fevereiro. Antes de encomendar as doses, é preciso apurar a “demanda”, ou o quanto os pais querem vacinar seus filhos.
Na forma: em vez de conclamar a população para vacinar as crianças e liderar a campanha pró-vacina, segura e necessária para as crianças e para estancar a pandemia, Marcelo Queiroga e seus assessores demonstraram desconforto e resignação diante do inevitável e da pressão da opinião pública.
E, enquanto Bolsonaro volta das férias e do hospital para a campanha, o funcionalismo se rebela contra o aumento só de policiais, ameaçando paralisação nacional dia 18. E o efeito já começou, com dois navios com capacidade de 17,5 mil toneladas de trigo cada no Porto de Santos e 800 caminhões em Roraima. O estopim foi a Receita, mas se espalha pelas demais carreiras de Estado, finanças, segurança, diplomacia e MP…
Assim, 2022 começa com Delta, Ômicron, crianças sem vacina, influenza, flurona, inundações, rebelião de funcionários e crescimento zero, inflação, juros altos, desemprego e fome. E o presidente? Ah! Viajando em jet ski, carro do Beto Carrero… e na maionese. “E daí?”, dirá Jair Bolsonaro.
Nossa opinião
- Marcello Queiroga passou três semanas esperando que Bolsonaro decidisse o que ele (Marcelo) devia fazer! (LGLM)