Após meses submersos, militares voltam à tona contra o negacionismo, a favor da verdade

By | 11/01/2022 7:38 am

Até integrantes das Forças Armadas estão perdendo a paciência com o capitão insubordinado Jair Bolsonaro

(Eliane Cantanhêde, nO Estadão, em 11 de janeiro de 2022)
Depois de um mergulho temerário no bolsonarismo, dos solavancos que levaram à demissão de toda a sua cúpula e dos vexames do general Eduardo Pazuello e seus coronéis na Saúde, as Forças Armadas submergiram e saíram do foco e do noticiário por um bom tempo. Voltam à tona agora afirmativas e sob aplausos de boa parte da opinião pública que andava ressabiada com os militares.

Não é trivial que na mesma semana um contra-almirante da Marinha reaja a acusações levianas do presidente e o Exército emita diretrizes em perfeita discordância com o que o presidente prega o tempo todo na pandemia. Até os militares estão perdendo a paciência com o capitão insubordinado Jair Bolsonaro.

Exército
O que continua nebuloso para civis, até do Centrão, e militares, até bolsonaristas, é o que Bolsonaro ganha, ou acha que ganha, com seu negacionismo absurdo. Foto: Sérgio Dutti/Estadão

A comparação é inevitável e leva a uma reflexão: o que se espera dos nossos militares? Agir com a sabujice do general da ativa Pazuello a favor do chefe e contra a saúde, ou com a altivez e responsabilidade do contra-almirante da reserva Antônio Barra Torres a favor da ciência?

Pazuello desmereceu o Exército ao fazer papel de bobo na Saúde, enquanto Bolsonaro e seu gabinete paralelo é que mandavam e coronéis da pasta se metiam em escândalos. “É simples assim: um manda, o outro obedece”, disse o general.

Já Barra Torres, que também é médico, preside a Anvisa e teve um mau momento sem máscara numa aglomeração com Bolsonaro. Sua lealdade, porém, é à ciência e à agência, seus quadros e decisões técnicas. Lá atrás, já advertia contra a cloroquina. Depois, disse a verdade na CPI da Covid. Agora, é firme contra insinuações inaceitáveis.

Bolsonaro não deixou alternativa a ele ao dizer que há “interesses” (econômicos?) da Anvisa na vacinação das crianças. Já o almirante deu duas alternativas ao acusador: ou se retrata ou prova que teve corrupção, sob risco de prevaricação.

Já o Exército incomodou o presidente com diretrizes de combate à pandemia. Nada demais. Só a atualização da condenação a mentiras (hoje fake news) já prevista no Código Penal Militar e das regras anticovid adotadas pelo general Paulo Sérgio Oliveira antes mesmo de assumir o Comando da Força.

O presidente queria um desmentido quanto às fake news e à exigência de vacinas, mas o comandante explicou a ele num café da manhã que apenas alinhou suas medidas com as da Defesa. Está tudo lá. Bolsonaro iria bater de frente com mais um ministro, o general Braga Netto, seu apoiador?

O que continua nebuloso para civis, até do Centrão, e militares, até bolsonaristas, é o que Bolsonaro ganha, ou acha que ganha, com seu negacionismo absurdo.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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