Puxado principalmente pelos combustíveis, gás de cozinha e energia elétrica, resultado foi quase o dobro do teto da meta perseguida pelo Banco Central para o ano
Puxado principalmente pelos combustíveis, gás de cozinha e energia elétrica, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial de inflação do País, fechou o ano em 10,06%. É o maior patamar desde 2015, no governo Dilma Rousseff, quando ficou em 10,67%.
Com isso, o resultado em 2021 ficou consideravelmente acima da meta de 3,75% perseguida pelo Banco Central para o ano, chegando quase ao dobro do teto de tolerância, de 5,25%. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, terá, por conta disso, de enviar uma carta o ministro da Fazenda, Paulo Guedes, explicando as razões de não ter conseguido cumprir a meta.
Em dezembro, a alta foi de 0,73%, um recuo em relação ao avanço de 0,95% registrado em novembro. Os dados foram divulgados nesta terça-feira, 11, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Combustíveis e energia elétrica
A alta da inflação no ano passado teve uma contribuição decisiva do setor de Transportes, que subiu 21,03% no acumulado de janeiro a dezembro. Esse avanço está relacionada principalmente ao comportamento do preço dos combustíveis, que subiram 49,02% ao longo de 2021. A gasolina, subitem de maior peso no IPCA, subiu 47,49%, e o etanol, 62,23%.
Já o setor de Habitação teve elevação de 13,05%, puxado pela energia elétrica, com alta de 21,21%. Nos quatro primeiros meses do ano, vigorou a bandeira amarela nas contas de luz, com acréscimo de R$ 1,343 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Em maio, foi acionada a bandeira vermelha patamar 1 e, nos três meses seguintes, foi adotada a bandeira vermelha patamar 2, cuja cobrança passou de R$ 6,243 em junho para R$ 9,492 em julho, em função do agravamento da crise hídrica.
Em setembro, houve a criação de uma nova bandeira, chamada Escassez Hídrica, com acréscimo de R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos, que deve ser mantida até abril de 2022. As mudanças no valor da cobrança extra foram decisivas para o resultado do item no IPCA, especialmente nos meses de julho e setembro.
Ainda em Habitação, outro destaque foi o gás de botijão, com alta de 36,99% no ano.
Dezembro
O resultado de dezembro ficou acima da mediana (0,65%) das estimativas dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que previam alta entre 0,55% e 0,80%. Já a taxa no ano ficou levemente acima da mediana (10,0%) das projeções, que tinham intervalo de alta de 9,86% a 10,12%.