Inflação alta e má condução da pandemia aumentam a rejeição ao presidente
Com planos de reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem visto sua popularidade em queda. As pesquisas de intenções de voto apontam que o chefe do Executivo tem perdido apoio de grupos que foram importantes para a vitória dele no pleito de 2018. Entre as principais queixas dos entrevistados, estão a alta da inflação — que fechou 2021 em 10,06%, maior nível desde 2015, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) — e a condução da pandemia, que levou à morte mais de 620 mil pessoas.
De acordo com a pesquisa, a alta da inflação é o fator que rende a maior desaprovação a Bolsonaro, com 80% de rejeição dos entrevistados. Apenas 18% aprovam o jeito como o presidente está lidando com o problema — 2% não souberam ou não responderam.
Para Carolina Botelho, cientista política do Iespe, a recuperação da economia é o que poderia dar uma chance de reeleição ao presidente, o que, segundo ela, parece improvável. “A economia é um fator que poderia reverter a condição dele, mas não vem dando sinais de recuperação, pelo menos com o fôlego necessário para uma reeleição. Estamos com índices de inflação e desemprego altos, o poder de compra menor, cesta básica encarecida.”
A rejeição a Bolsonaro também cresceu entre os mais escolarizados. Conforme a pesquisa, 54% dos entrevistados com ensino superior incompleto ou mais avaliam negativamente a gestão do presidente. Em dezembro, esse número ficou em 49%.
“Creio que a queda de Bolsonaro em setores mais escolarizados está diretamente relacionada ao fato de que o governo falhou em muitas das demandas desses setores. De uma maior liberalização da economia, passando pelo rompimento com o compromisso no combate à corrupção e a própria gestão da pandemia. Isso gerou um desgaste, fez com que muitos que votaram em Bolsonaro se desiludissem”, sustentou Borsoi.
O cientista político e diretor da Royal Consultoria e Marketing Político, Rócio Stefson, destacou que, em 2018, a tendência era votar em um candidato “apolítico”, o que já começou a mudar nas eleições municipais. “Em 2020, tivemos uma mudança nesse panorama. As pessoas optaram por votar em candidatos que tivessem mais experiência em gestão pública. Isso vai se repetir e até aumentar em 2022. O eleitorado deve procurar um candidato que já tem experiência em gestão, Lula vem se destacando nas pesquisas de intenção de voto”, frisou.