Fonte: Valor Globo
Créditos: Polêmica Paraíba
14/01/2022 – 18:15 – Política
Com impasses regionais pontuais, o PSDB e o Cidadania devem anunciar até meados de fevereiro a formação de uma federação partidária. A primeira consequência é a retirada por parte do Cidadania da pré-candidatura à Presidência da República do senador Alessandro Vieira. A união entre os dois partidos teria como nome preferencial na corrida pelo Palácio do Planalto o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
Os presidentes nacionais das duas legendas, Roberto Freire (Cidadania) e Bruno Araújo (PSDB), reuniram-se na noite de terça-feira em Brasília. Após o encontro, o sentimento é de que a junção realmente deve ocorrer. “Pelo andar da carruagem, parece que não vai ter nenhuma outra alternativa. O movimento para a federação andou mais”, disse Freire em entrevista ao Valor.
Novidade nas eleições de 2022, a possibilidade de formar federações surge após o fim das coligações e representa um mecanismo para driblar a cláusula de barreira imposta a siglas com baixas votações. Os partidos federados são obrigados a lançarem chapas conjuntas em todos os Estados e a atuarem unidos por quatro anos no Congresso e nas Assembleias. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as legendas têm até o dia 1º de março para solicitarem o registro formal da criação das associações.
O Cidadania vai reunir a Executiva Nacional até o dia 19 de janeiro para definir posicionamento sobre o tema. Depois, o partido vai deliberar sobre a criação da federação em encontro do diretório nacional. A Executiva do PSDB deve se reunir até o dia 25 de janeiro. Procurado pelo Valor, o partido não se manifestou.
O senador Alessandro Vieira (Cidadania) informou que ainda não houve debate interno sobre a criação de uma federação. “Não tenho rejeição particular à ideia, mas entendo que devam ser estabelecidos critérios, inclusive nos Estados que tenham mais de um candidato. Não há motivo para se aceitar imposição”, avaliou.
O avanço no entendimento entre as duas siglas tem provocado atritos regionais. O maior nó a ser desatado é na Paraíba, único Estado governado pelo Cidadania. Aliados do governador João Azevêdo (Cidadania), indicam ser impossível uma composição com o PSDB, partido que faz oposição ferrenha ao governo.
Os tucanos lançaram a pré-candidatura do deputado Pedro Cunha Lima (PSDB), filho do ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB), para concorrer com Azevêdo. Pessoas próximas ao governador avaliam que, em caso da criação da federação, ele pode deixar a legenda. As alternativas seriam um retorno ao PSB ou uma migração para o PSD.
“Defendo que, nos Estados onde você tiver governo, é o governador que comanda o debate. Na Paraíba, precisamos saber se há um acordo para que essas duas forças se juntem. É tremendamente difícil”, alega Freire. Azevêdo já declarou que vai apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No Distrito Federal, embora o Cidadania aposte no nome da senadora Leila Barros (Cidadania) para a disputa, o impasse seria mais fácil de resolver. O PSDB lançou a pré-candidatura do senador Izalci Lucas ao Palácio do Buriti.