Educação produz efeitos imediatos no emprego e na segurança

By | 20/03/2022 7:48 am

A boa educação dá frutos imediatos

Pesquisa comprova que a educação de qualidade produz impactos imediatos no acesso à educação superior, a empregos de qualidade e à segurança
É consensual que a educação é a principal alavanca para uma economia mais próspera e uma cidadania mais vibrante. A demanda por mais educação aparece consistentemente como prioridade em todos os setores sociais e sempre se destaca nas propostas de governo nas campanhas eleitorais.

Apesar disso, há uma lacuna persistente entre esses ideais e a realidade. Uma das razões é que os políticos agitam a bandeira da educação para atrair votos, mas, tão logo são alçados a postos de gestão, preferem investir em áreas nas quais os resultados são mais concretos e instantâneos. A percepção de que os ganhos com a educação são mais difusos e de longo prazo leva muitos a canalizar recursos em obras, subsídios corporativos ou benefícios para o funcionalismo público, hipotecando, por assim dizer, o futuro.

Contudo, uma pesquisa conduzida pelos pesquisadores Naercio Menezes Filho (Insper) e Luciano Salomão (USP) comprova que melhoras nos índices de educação produzem resultados concretos a curto prazo.

Inspirados pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), os pesquisadores elaboraram um novo índice de qualidade do ensino básico a partir de dois componentes: o porcentual de alunos matriculados no ensino fundamental que completam o ensino médio e a nota média desses alunos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

O índice Ideb-Enem mediu o quanto cada município contribuiu para a progressão e o aprendizado de seus jovens do início do ensino fundamental ao término do ensino médio. A partir daí, foi possível mensurar os impactos para indicadores sociais como criminalidade, ingresso no ensino superior e geração de empregos.

Entre 2009 e 2016, houve um aumento na participação no Enem. Em relação às notas médias, houve uma ligeira queda no início desse período, seguida de estabilização – algumas unidades federativas apresentaram crescimento. Combinando os dois fatores, o índice mostra que entre 2009 e 2014 a qualidade da educação básica aumentou em todas as regiões do Brasil, em especial nos Estados do Ceará e Rio de Janeiro.

A partir de resultados apurados entre 2014 e 2019, verificou-se que os municípios que mais melhoraram no indicador de qualidade tiveram maior redução no número de homicídios e maior aumento nas matrículas do ensino superior e na geração de empregos entre os jovens.

O índice varia de 0 a 10 pontos. O estudo calcula que um aumento de um ponto está associado a uma diminuição de 25% dos homicídios e a um crescimento de 14% nas matrículas do ensino superior e de 200% na geração de empregos.

Como dizem os pesquisadores: “A qualidade da educação é um dos principais fatores determinantes do crescimento da produtividade de um país. O Brasil conseguiu ampliar bastante o acesso à escola nas últimas décadas, mas a evolução do aprendizado ainda deixa a desejar, especialmente no ensino médio, apesar de haver casos de sucesso”.

De fato, um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostrou que desde a Constituição de 88 o Brasil construiu um dos melhores sistemas de avaliação entre os países em desenvolvimento, detalhou as competências da União, Estados e municípios, melhorou substancialmente a formação e remuneração dos professores e criou mecanismos mais eficientes de fiscalização. Mas, apesar dos avanços quantitativos, qualitativamente os resultados de aprendizagem seguem aquém do desejável. “O Brasil se empenhou em organizar e fortalecer o ensino público”, resumiram os pesquisadores do Ipea, “e o resultado foi esse: a criança começa aprendendo em níveis razoáveis e termina o ensino médio com uma inaptidão irrazoável.”

Sem prejuízo dos esforços por consumar a democratização do ensino, o grande desafio dessa geração é intensificar sua qualificação. O valor do indicador Ideb-Enem não é tanto mostrar que essa qualificação se reflete em ganhos sociais. Isso é intuitivo. O que ele comprova é que esses ganhos são imediatos. Gestores empenhados em aprimorar o ensino básico não precisam esperar a próxima geração para ver comunidades mais seguras e prósperas.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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