Sob pressão, governo divulga a contragosto idas de pastores do MEC ao Planalto

By | 15/04/2022 4:04 pm

Nas sombras

Sob pressão, governo divulga a contragosto idas de pastores do MEC ao Planalto

O presidente Jair Bolsonaro (PL), no Palácio da Alvorada – Ueslei Marcelino/Reuters

Constrangido pela revelação do escandaloso balcão de negócios instalado por seus aliados no Ministério da Educação, o presidente Jair Bolsonaro (PL) reagiu com a tentativa de apagar rastros.

A primeira atitude do Gabinete de Segurança Institucional foi recusar-se a fornecer informações sobre encontros mantidos pelo mandatário no Palácio do Planalto com os pastores investigados sob suspeita de traficar verbas da pasta.

Ao jornal O Globo, que apresentara requerimento amparado pela Lei de Acesso à Informação, o órgão responsável pela segurança do presidente alegou que a divulgação dos dados poderia colocar Bolsonaro e seus familiares em risco.

O último registro é de 16 de fevereiro, antes de vir à tona o escândalo no MEC. Em março, a Folha revelou gravação em que o então ministro Milton Ribeiro afirmava dar prioridade à liberação de verbas negociadas pelos religiosos —e isso por recomendação de Bolsonaro.

No mínimo embaraçosas para o presidente, as informações foram prestadas a contragosto, após a má repercussão da recusa inicial. Pelos exemplos recentes, não se deve esperar colaboração no esclarecimento dos fatos.

A administração já se aproveitou antes do dispositivo que permite manter em segredo por cem anos, em caráter excepcional, dados referentes à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem de pessoas.

Alegações similares foram usadas para impedir o acesso a informações sobre reuniões no Palácio da Alvorada, vacinas tomadas por Bolsonaro e o processo disciplinar relativo à participação do general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, num ato político.

Não tem sido diferente o comportamento dos líderes do Congresso diante das cobranças por transparência na execução das emendas orçamentárias controladas pelos aliados de Bolsonaro no centrão.

No fim do ano passado, a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, determinou a divulgação dos nomes dos parlamentares responsáveis pela liberação dos recursos e outros esclarecimentos, mas tudo que o Legislativo faz desde então é procrastinar.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), chegou a dizer que só conseguiria cumprir a ordem após consulta às prefeituras beneficiadas —como se não houvesse outro registro dos acordos feitos.

A desfaçatez mostra que o bloco no poder está disposto até a desafiar o STF para evitar a exposição dos acertos negociados com Bolsonaro na escuridão. Caberá ao tribunal fazer valer sua autoridade para que se acenda a luz da sala.

editoriais@grupofolha.com.br

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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