O deputado federal Efraim Filho (União Brasil), pré-candidato ao Senado, disse nesta sexta-feira (29) que tem plena confiança no presidente do partido Republicanos na Paraíba, o também deputado federal Hugo Motta. Apesar de rumores de um possível recuo da sigla em apoiar seu nome para senador, o parlamentar não acredita que isso venha a acontecer.
“Eu tenho muita confiança na palavra, na honradez, na força dos compromissos, e os compromissos são públicos, inclusive da parte de Hugo, de Adriano, de Wilson, a deputada Edna Henrique e Michel, e de outros nomes do Republicanos, e é uma parceria muito sólida”, disse Efraim em entrevista a rádio Correio 98 FM.
No fim da manhã de hoje (29), após agenda com Hugo Mota na cidade de Tenório, Efraim usou as redes sociais para publicar uma foto ao lado do aliado e afastar as especulações sobre o fim do apoio do Republicanos a sua pretensão de chegar ao Senado.
“Gestos valem mais que palavras. Foguete não dá ré e segue firme com os apoios que já recebemos! Hugo, meu amigo, vamos juntos com nosso propósito de fazer o melhor pela Paraíba”, disse Efraim Filho, que em seguida recebeu a seguinte resposta de Hugo Motta: “Vamos em frente amigo”.
Veja a publicação:
Nossa opinião
Se Efraim Morais for traido pelo grupo Motta, não será novidade para ninguém. Afinal, Francisca Motta, avó de Hugo Motta, foi protagonista de uma traição política da história recente da Paraíba. Em 1998 houve uma racha político entre as principais lideranças do PMDB da época, Ronaldo Cunha Lima e José Maranhão. E Francisca Motta preferiu ficar com Maranhão. Até aí, nada demais, seria uma questão de opção. Só que Francisca Motta era viúva de Edivaldo Motta, que eleito deputado federal uma primeira vez, não conseguiu se reeleger na segunda tentativa e só assumiu o mandato por que Ronaldo Cunha Lima, então governador, convocou o deputado federal Zuca Moreira para ser seu Secretário de Saúde, justamente para possibilitar que Edivaldo assumisse como deputado federal, cargo no qual terminou falecendo. Ou seja, Edivaldo não teria assumido o segundo mandato de deputado federal não fosse a intervenção de Ronaldo. Quando aconteceu o racha entre Ronaldo e Maranhão, o pagamento que Francisca deu foi ficar com Maranhão. Para os mais novos, vamos rememorar o racha Ronaldo Maranhão, segundo o jornal O NORTE, reproduzido por MAISPB: (LGLM)
Entenda a discórdia de Ronaldo e Maranhão
Por ONorte
Era 21 de março de 1998, noite de festa, de comemoração do aniversário do então senador peemedebista Ronaldo Cunha Lima. Presentes no Clube Campestre, em Campina Grande, cerca de dois mil convidados, dentre eles os principais nomes do PMDB, à época detentor da absoluta hegemonia no estado. Ninguém ali imaginava, mas aquele dia estava predestinado a mudar os rumos da política paraibana. Ronaldo tomou o microfone, proferiu um duríssimo discurso contra o governador José Maranhão, seu correligionário, que exercia o primeiro mandato. Veio o rompimento das relações, o racha no PMDB, a ruptura que, até hoje, marca o cenário político paraibano.
Desde então, o processo eleitoral do estado, destacadamente a corrida pelo Palácio da Redenção, passou a figurar como reedição da disputa extravasada naquele terceiro sábado de março. Antes, era o PMDB todo poderoso, dominando absoluto o palco das eleições. Dali em diante, seria o “maranhismo” contra o “ronaldismo” – este continuado pelo “cassismo”. No livro “Conflitos e Convergências nas eleições paraibanas de 1982, 2002 e 2006”, o historiador José Octávio de Arruda Melo, abordando o evento do Campestre, afirma que “essa separação não fracionava apenas um partido, mas a sociedade inteira, onde as diversas instituições – Ordem dos Advogados do Brasil, Associação Paraibana de Imprensa, federações de futebol e carnavalesca, empresariado, intelectuais, universidades e partidos – despontavam rachadas entre os grupos do ‘M’ (Maranhão) e do ‘R’ (Ronaldo)”.
Em 1998, no primeiro embate, Maranhão levou a melhor. Logo após o racha, as duas correntes foram à convenção do PMDB, para disputar a indicação do partido para a candidatura ao governo do estado. Ronaldo perdeu, acusações de irregularidades no processo foram propagadas, sem efeito, e o senador migrou para o PSDB, levando seu grupo de seguidores. O governador, tendo vencido a eleição antecipada que foi a convenção, com caminho livre não teve adversário à altura durante a campanha, conquistando a reeleição. Maranhismo 1 a 0.
Quatro anos depois, sem um nome forte para enfrentar Cássio Cunha Lima, então prefeito de Campina Grande e favorito nas pesquisas daquele momento, Maranhão indica como candidato o vice-governador, Roberto Paulino, que assumira o governo com o afastamento do titular para a disputa do Senado. Apesar do favoritismo inicial do tucano, Paulino cresceu e a disputa foi ao segundo turno, mas a reação parou ali, e Cássio acabou eleito. Disputa empatada, 1 a 1.
Em 2006, ocorre o esperado confronto nas urnas entre Cássio e Maranhão. Na batalha pelos dois maiores colégios eleitorais do estado, o senador Maranhão tinha, ao seu lado, a força do maior, João Pessoa, mas, o governador Cássio contou com uma maioria tão ampla em Campina Grande que não apenas superou o prejuízo sofrido na capital, como abriu margem sobre o oponente quando somadas as urnas das duas cidades. No cômputo geral, com uma maioria superior a 52 mil votos, Cássio acabou reeleito. Cassismo 2 a 1.
Dois anos depois, porém, o Tribunal Superior Eleitoral cassava o mandato de Cássio, e conduzia Maranhão ao governo. Novo empate na disputa iniciada no Campestre: 2 a 2. A decisão do TSE, mudando a chefia do Executivo paraibano em ano pré-eleitoral, incitou a disputa no estado, e precipitou a campanha, com maranhistas e cassistas empreendendo ações com vistas ao pleito de outubro, em que, mais que uma importante eleição, ambos os grupos vislumbram novo capítulo da luta pelo controle do poder político na Paraíba.
A histórica noite do Campestre
Ronaldo Cunha Lima, em 18 de março de 1998, completou 62 anos. Uma grande festa, convergindo as agendas da cúpula peemedebista, foi organizada para três dias depois, 21 de março. Naquela noite, houve farto foguetório no Campestre, principalmente quando da chegada, em momentos diferentes, de José Maranhão, feito governador após a morte de Antônio Mariz, e Ronaldo, senador. Coube ao aniversariante o último discurso da noite.
Mostrando-se irritado porque teria havido mais fogos para o governador que para si, o festejado do evento, Ronaldo detonou um discurso em que recomendava a Maranhão controlar seus assessores, os quais classificou como bajuladores, e avisou que, do contrário, poderia “tomar a Paraíba dos seus braços”. Todavia, se o foguetório foi o estopim da “bomba” que ecoou naquela noite sobre toda a Paraíba, o explosivo estava sendo preparado há meses, num desentendimento crescente entre os dois líderes peemedebistas.
Dentre as divergências, estava o assunto reeleição, sendo o governador, que se beneficiaria com a norma, favorável, enquanto Ronaldo, que pretendia indicar um nome próximo, como seu irmão Ivandro Cunha Lima, para a disputa daquele ano, contrário. Até aquela noite, a ala do PMDB que, capitaneada pelo senador Humberto Lucena, buscava apaziguar os ânimos, custosamente havia conseguido evitar o rompimento iminente. Na noite de 21 de março, entretanto, Humberto estava fora de cena, internado desde fevereiro no Instituto do Coração, em São Paulo, onde morreria a 13 de abril. Não veria o racha estabelecido em seu partido, a retirada do grupo ronaldista/cassista, e a divisão da Paraíba em dois segmentos que, após doze anos, mantém renhida luta pelo controle do poder político do estado. MaisPB