Além da Petrobrás

By | 25/05/2022 7:50 am

Com nova troca, Bolsonaro mostra que projeto eleitoral ignora lógica e escrúpulo

Sede da Petrobras, no Rio – Mauro Pimentel/AFP

Jair Bolsonaro (PL) e seus adeptos lançaram nova ofensiva da campanha para conter —ou parecer que tenta conter— os preços dos combustíveis e da energia elétrica.

O governismo abriu mão de impostos, com aumento da dívida pública; quer impor cortes de tributos a estados e municípios, suspender no Congresso reajustes de energia elétrica e ensaia promover um tabelamento de preços ao menos temporário na Petrobras.

Não foi por outro motivo que o candidato a reocupar o Planalto demitiu o terceiro presidente da petroleira em menos de quatro anos, no cargo havia meros 40 dias. Bolsonaro cria instabilidade a fim de obrigar a direção da estatal a segurar a alta dos combustíveis. Os reajustes já têm sido espaçados.

É incerto se a frente vai alcançar integralmente seus objetivos. Seja como for, terá conseguido ao menos difundir ainda mais a percepção de que estabilidade administrativa, contratos, estatutos, leis e normas de responsabilidade orçamentária correm risco no país sob a atual administração.

A quarta mudança no comando da Petrobras é ato que mistura incompetência com demagogia. Se o comando de qualquer instituição é alterado com tamanha frequência, as escolhas do presidente são também más ou irresponsáveis.

No caso, trata-se da maior empresa e maior investidora do Brasil, produtora de um insumo crucial para a economia e de mercadoria de peso nas exportações. É decisão que afeta a imagem econômica do país, acionistas (entre eles o próprio Tesouro Nacional), credores e outros tantos participantes do mercado, como importadores de combustível.

Um tabelamento informal pode até mesmo afetar o abastecimento, em parte importado.

Pelas normas da companhia, o novo indicado para presidir a Petrobras, Caio Mário Paes de Andrade, não apresenta um currículo com os requisitos necessários para ocupar o cargo. Ainda que o nome venha a ser aprovado, não se diz com que objetivos assumiria a empresa, além daqueles do interesse político de Bolsonaro.

Não se veem mais programas ou diretrizes de administração para a petroleira. Mas não só para ela: a política econômica parece rendida ao imediatismo de um projeto de estelionato eleitoral.

editoriais@grupofolha.com.br

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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